São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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"O QUE A LUA REVELA"

Carriére larga elenco à sua própria sorte

CRÍTICO DA FOLHA

O pai ausente ("Crônica da Inocência"), o pai gagá ("Tudo Bem, Até Logo") e, agora, o pai disléxico: se a psicanálise ainda fosse moda entre os críticos franceses, essa "crise de paternidade" não demoraria a ser associada a uma "crise do autor", o que não deixaria de ser oportuno.
"O que a Lua Revela" é prova de que a derrocada do chamado "cinema de autor" no país não se deve só ao sucesso do cinema comercial francês.
Não é o caso de colocar tudo na conta de Christine Carriére. Mas muitos dos que se proclamam autores, no "métier" francês, não fazem jus ao título. Não têm muito a dizer e raramente sabem como dizê-lo, o que é mais grave, se o que define um autor é o seu estilo de "mise-en-scène".
O filme é sobre um pai (Jean-Pierre Darroussin) disléxico e depressivo, capaz de fazer felizes as filhas crianças e incapaz de lidar com a vida adulta das mesmas.
O primeiro mal-entendido a separar a família marca o início do desentendimento entre Carriére as personagens. O pai perde de vista as filhas e a autora, os personagens. Uma filha praticamente some da narrativa, outra torna-se uma insípida figura, e o pai passa a confundir excentricidade com idiotia. Ele não, a autora.
Carriére sempre considerou suas personagens simplórias, e os atores não a ajudaram a encontrar outras dimensões. O problema do elenco é, antes de tudo, excesso, como no caso das crianças, mantidas sempre tolamente ocupadas. Ou falta de direção, como no caso dos atores adultos, largados à própria sorte e talento. (TIAGO MATA MACHADO)


O que a Lua Revela
Qui Plume la Lune
 
Direção: Christine Carriére
Produção: França, 1999
Com: Jean-Pierre Darroussin, Garance Clavel
Quando: a partir de hoje no Top Cine




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