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"O QUE A LUA REVELA"
Carriére larga elenco à sua própria sorte
CRÍTICO DA FOLHA
O pai ausente ("Crônica da
Inocência"), o pai gagá
("Tudo Bem, Até Logo") e, agora,
o pai disléxico: se a psicanálise
ainda fosse moda entre os críticos
franceses, essa "crise de paternidade" não demoraria a ser associada a uma "crise do autor", o
que não deixaria de ser oportuno.
"O que a Lua Revela" é prova de
que a derrocada do chamado "cinema de autor" no país não se deve só ao sucesso do cinema comercial francês.
Não é o caso de colocar tudo na
conta de Christine Carriére. Mas
muitos dos que se proclamam autores, no "métier" francês, não fazem jus ao título. Não têm muito a
dizer e raramente sabem como dizê-lo, o que é mais grave, se o que
define um autor é o seu estilo de
"mise-en-scène".
O filme é sobre um pai (Jean-Pierre Darroussin) disléxico e depressivo, capaz de fazer felizes as
filhas crianças e incapaz de lidar
com a vida adulta das mesmas.
O primeiro mal-entendido a separar a família marca o início do
desentendimento entre Carriére
as personagens. O pai perde de
vista as filhas e a autora, os personagens. Uma filha praticamente
some da narrativa, outra torna-se
uma insípida figura, e o pai passa
a confundir excentricidade com
idiotia. Ele não, a autora.
Carriére sempre considerou
suas personagens simplórias, e os
atores não a ajudaram a encontrar outras dimensões. O problema do elenco é, antes de tudo, excesso, como no caso das crianças,
mantidas sempre tolamente ocupadas. Ou falta de direção, como
no caso dos atores adultos, largados à própria sorte e talento.
(TIAGO MATA MACHADO)
O que a Lua Revela
Qui Plume la Lune
Direção: Christine Carriére
Produção: França, 1999
Com: Jean-Pierre Darroussin, Garance
Clavel
Quando: a partir de hoje no Top Cine
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