São Paulo, sábado, 01 de maio de 2004

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ENTRELINHAS

O "Livro" dos livros

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na semana passada esta coluna fez muxoxo em torno do desaparecimento do mercado do volume "O Livro no Brasil", do brasilianista Laurence Hallewell, melhor trabalho já realizado sobre a história das editoras no país. Publicado há 20 anos, o tijolão de quase 700 páginas era disputado a tapas nos sebos de todo o país.
Eis que ontem chegou a notícia de que "O Livro no Brasil" acaba de ser renegociado e terá versão atualizada pelo autor, hoje morando na Inglaterra, lançada ainda neste ano, pela Edusp.
Hallewell não só incluiu no trabalho dados relativos ao mercado editorial brasileiro até o ano 2000, como fez uma nova apresentação. "O Livro no Brasil" terá também um suplemento sobre a situação livreira na América Latina, incluindo fenômenos como a chegada agressiva das editoras espanholas .
A "bíblia" da história do livro brasileiro (desculpas pelo "bíblia") deve ser lançada em grande evento sobre o tema que o pesquisador Anibal Bragança organiza para o final do ano.

VAPT-VUPT
Nem bem terminou a Bienal de São Paulo, a sua equivalente carioca já vai a todo o vapor. Marcada para 15 de maio de 2005, o evento do Riocentro abriu a venda de espaço há 15 dias e já negociou 11 mil m2. A direção da Bienal está definindo atualmente os 12 escritores franceses que serão convidados ao evento.

FOGO AMIGO
A editora Francis, que já publica Michael Moore e outros célebres inimigos da Presidência norte-americana, acaba de reforçar seu pacote anti-Bush com munição pesada. Compraram, em leilão, os direitos de "Against All Enemies", de Richard Clarke, ex-coordenador nacional de segurança dos EUA. O livro, que espinafra Bush de cabo a rabo e se tornou o nš 1 das listas de best-sellers ianques, sai em julho.

TODO PROSA
Na próxima quarta-feira completam-se os dez anos da morte de Mário Quintana. O poeta gaúcho está em alta. Terá reedição de toda a obra pela Globo e volume na luxuosa editora Nova Aguilar, agora associada à distribuidora Códice.

AO MESTRE COM CARINHO
"Para Johnny Depp." É esta a dedicatória que Ana Ferreira faz em seu romance de estréia, "Carne Crua" (ed. Objetiva).

MENOS É MAIS
O diminuto cenário de livrarias-de-qualidade-independentes brasileiro terá mais duas combatentes. Será inaugurada no dia 10 de maio, na Vila Madalena (SP), a Lima Barreto, uma "livraria autoral". No último dia do mês deve abrir a livraria do espaço de cursos Casa do Saber, no Itaim.

MAIS É MAIS
Lançada em agosto de 2002, a coleção "Obras Primas", de clássicos vendidos em bancas, acaba de encerrar seu ciclo com números "harrypotterianos". Segundo sua editora, a Nova Cultural, a série, de 50 livros, vendeu 3,5 milhões de exemplares. A editora fará agora uma reedição "homeopática".

@ - elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

Tudo aquilo que cerca o nome Saki exala o bizarro, o humor negro, o esquisito. Pseudônimo de Hector Hugh Munro, Saki teve esse universo estranho marcando tanto sua obra quanto sua biografia. Nascido na velha Birmânia (hoje Mianmar), em 1870, Saki perdeu a mãe dois anos depois atropelada, atenção, por uma vaca. Foi policial na terra natal, jornalista na Escócia (depois adotada) e escreveu um livro de história sobre o império russo, antes de mergulhar no universo no qual se consagrou: contista satírico "da pesada". Saki, autor quase virgem no mercado brasileiro, teve final "macabro" como suas histórias. Com 46 anos, se "voluntarizou" para lutar como soldado raso na Primeira Guerra. Foi baleado. Sua última frase, dizem testemunhas, foi: "Apague esse maldito cigarro".


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