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FILMES
TV PAGA
Uma verdade que "Cabra-Cega" escamoteia
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
De "Latitude Zero", que
passa hoje na TV, a "Cabra-Cega", que está atualmente nos cinemas, o diretor Toni Venturi
evoluiu. Por exemplo, na circulação da sexualidade. "Latitude" começa com uma mulher se masturbando. Mais tarde, essa mulher verá o homem a quem hospeda se masturbar.
Certas coisas não é preciso mostrar para que percebamos nem
convém. Na verdade, a arte consiste em não mostrá-las e fazer
com que tenhamos o sentimento
de sua existência.
Esses falsos movimentos, Venturi evita-os em "Cabra-Cega",
onde o desejo eclode, mas não por
efeito de uma obviedade.
Há outros. Na verdade, tratam-se de dois filmes imperfeitos e interessantes, embora "Cabra-Cega" mostre evolução e, ao mesmo
tempo, confirme um gosto do
realizador por confinar seus personagens (em "Cabra-Cega",
num apartamento na cidade, em
"Latitude", num antigo garimpo)
para que melhor se entreguem ao
enfrentamento interpessoal.
Mas há um aspecto em que se
verifica nítida regressão. É no tratamento da atriz, Débora Duboc.
Em "Cabra-Cega" ela carrega
num sotaque mineiro que termina por desviar a atenção da ação,
de tão marcado. Ele parece também caracterizar uma pessoa ingênua (o que é enfatizado pelo cabelo e até pela postura da atriz).
Em "Latitude Zero", às vezes, a
gente pode se lembrar da Barbara
Hershey dos anos 70, ou ainda, de
Liv Ullmann. Como estamos no
meio do nada, será possível alegar
que esse tratamento é um tanto irrealista. Não acho. Quem viu Ingrid Bergman em "Stromboli" sabe do que estou falando: é possível ser elegante em qualquer situação, mesmo na maior penúria.
"Latitude Zero" é, nesse sentido,
muito mais verdadeiro, pois visa a
mulher e faz bem à atriz. "Cabra-Cega" visa a atriz, seu brilho e lhe
faz mal.
TV ABERTA
Chan vai ao Velho Oeste em "Bater ou Correr"
Asas da Liberdade
Bandeirantes, 21h30.
(Birdy). EUA, 1984, 120 min. Direção:
Alan Parker. Com Matthew Modine,
Nicolas Cage. Birdy é o ex-combatente
que, após voltar do Vietnã, é recolhido
em um hospital militar por se julgar um
pássaro. Questões subjacentes: quem é
louco e quem não é? O que é ser
alienado? À moda de Parker: mais
fumaça do que fogo.
Bater ou Correr
SBT, 22h30.
(Shangai Noon). EUA, 2000, 110 min.
Direção: Tom Dey. Com Jackie Chan,
Owen Wilson, Lucy Liu. Jackie Chan,
guarda imperial chinês, acaba no Velho
Oeste, em busca da princesa Lucy Liu,
seqüestrada por malfeitores. Faroeste,
mais caratê, mais comédia.
Hatari!
Bandeirantes, 0h30.
(Hatari!). EUA, 1962, 159 min. Direção:
Howard Hawks. Com John Wayne, Elsa
Martinelli, Red Buttons. Wayne lidera um
grupo de caçadores na África. Dito assim,
não quer dizer nada. Cena por cena, puro
gênio. Um dos grandes filmes do cinema
em todos os tempos.
Segredo de Sangue
Globo, 1h15.
(Hush). EUA, 1998, 95 min. Direção:
Jonathan Darby. Com Gwyneth Paltrow,
Johnathon Schaech, Hal Holbrook,
Jessica Lange. Depois que casa, jovem
vai ao encontro da sogra no rancho da
família do marido. Descobre então que a
boa senhora não é tão boa quanto
imaginava e é possessivíssima em
relação ao filho. Em todo caso, mais vale
ficar com a sogra (Lange) do que com a
consorte (Paltrow).
Perigo na Noite
Globo, 2h50.
(Someone to Watch over Me). EUA, 1987,
106 min. Direção: Ridley Scott. Com Tom
Berenger, Mimi Rogers, Lorraine Bracco.
Policial encarregado de proteger Mimi,
bela milionária, apaixona-se por ela e
passa por crise conjugal. Inferior a
"Alien" e "Blade Runner", melhor que os
demais filmes de Scott. Em uma palavra:
visível.
(IA)
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