São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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CINEMA

Em "Missão Impossível 3", agente vivido por Tom Cruise valoriza o relacionamento com a namorada

"M:I-3" revela vida pessoal do herói



"Acho que a experiência em séries de espionagem me fez dar valor à intimidade dos personagens"
J.J. ABRAMS, diretor de "M:I-3"



"O filme é de ação, mas a gente queria que a vida pessoal do protagonista fosse mais importante do que a missão", IDEM

TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Ethan Hunt quer casar. O agente secreto que Tom Cruise emprestou do seriado de TV dos anos 60 e levou ao cinema pela primeira vez em 1996 e de novo em 2000, não quer mais ser nem agente nem secreto. Trocou sua vida excitante e sem traços de estabilidade por um emprego mais sossegado como treinador de novos agentes e uma linda garota, de quem está noivo. Hollywood imita a vida?
"Queríamos contar uma história pessoal", conta J.J. Abrams, diretor e co-roteirista de "Missão Impossível 3", que estréia sexta-feira no Brasil. "O filme é de ação, mas a gente queria que a vida pessoal do protagonista fosse mais importante para ele do que a missão", diz ele, em entrevista à Folha, no lançamento do longa, em Los Angeles. Assim, a atriz escolhida para viver a noiva de Hunt foi a novata Michelle Monaghan (de "Beijos e Tiros"), que aparece de cabelos castanhos, estranhamente parecida com a noiva do ator na vida real, Katie Holmes.
Segundo Abrams, que fez sua carreira com os sucessos de TV "Felicity", "Alias" e "Lost", já havia um roteiro pronto quando Cruise o convidou para dirigir este longa-metragem, mas a trama não o interessou. "Tom me disse: "Quero que esse seja o seu filme, pode reescrever o que quiser". Respondi que demoraria um ano para terminar, já que estava envolvido com a segunda temporada de "Lost'; ele falou: "Vamos esperar um ano'". Foi o que aconteceu.
"Percebi que eu mesmo estava querendo saber quem era aquele homem, por que ele era agente secreto, o que ele queria da vida", afirmou Abrams. "Acho que minha experiência em séries de espionagem me fez dar ainda mais valor à intimidade dos personagens, e os dois primeiros filmes não mostravam nada de pessoal de Ethan Hunt", contou.
Faltava um vilão. E já que a idéia era que nesse filme o herói corresse ainda mais riscos do que nos dois primeiros, o inimigo teria de ser pior e mais poderoso.
O que pode ser pior do que um traficante de armas nucleares, pensaram os produtores? Um que também vende informações. Nascia assim Owen Davian, que o agente é obrigado a enfrentar para poder salvar a colega de trabalho, depois o mundo e ainda prender o bandido, tudo isso sem que sua noiva desconfie de nada. Para encarná-lo, um velho amigo de Cruise foi escalado, o ator Philip Seymour Hoffman, vencedor do Oscar de melhor ator por "Capote" (leia texto nessa página).

Garoto
Outra preocupação de ator e produtor nesse terceiro episódio da cinessérie era voltar a se conectar com a fatia mais jovem do público. Aos 43 anos, ele já não é o preferido das adolescentes, que o trocaram por nomes como Orlando Bloom, 29, Justin Timberlake, 25, e Elijah Wood, 25, entre outros. A solução era buscar um time de coadjuvantes que baixasse a média de idade.
O irlandês Jonathan Rhys Meyers, 28, foi convidado a ser o chefe de Cruise na IMF (Impossible Mission Force, a agência para a qual trabalha). Fizeram testes, mas ficou a impressão de que era forçar muito a barra botar um garoto como superior do maduro Ethan Hunt. O ator continuou no filme, mas como um ex-criminoso que, pego pela polícia, tem a opção de ter sua pena diminuída se topar arriscar sua vida em missões impossíveis. No lugar vago entrou Billy Crudup, 38, dez anos mais velho que Jonathan, mas que ainda assim parece jovem para ser chefe de Cruise.
Para dar uma "globalizada" ao time, que tem Ving Rhames desde o primeiro longa, a modelo mezzo polonesa, mezzo vietnamita Maggie Q, 27, foi chamada. A protegida de Hunt, que é capturada pelo vilão da história, é vivida por Keri Russell, 30.
O orçamento não era um problema. O filme custou US$ 150 milhões, o dobro do primeiro "Missão", que foi também o primeiro filme produzido pela dupla Tom Cruise e Paula Wagner. Ela era agente do ator até virar sua parceira na produtora Cruise/ Wagner, ligada à Warner. A empresa foi criada para que o primeiro longa saísse exatamente como o ator imaginava. Deu tão certo que a Cruise/Wagner já tem 13 filmes, entre eles "Os Outros", "Narc", "Pergunte ao Pó" (que tem estréia prevista no Brasil em junho), além, é claro de "Missão Impossível 2" (que custou US$ 125 milhões).
"Mesmo com todo esse dinheiro", suspira J.J. Abrams, "no final me vi choramingando porque queria refazer cenas, testar um cenário diferente, usar mais figurantes. Como em tudo na vida, quando você tem X, descobre que para ser feliz precisa de X + 1".


Missão Impossível 3
Mission:
Impossible III
Produção: EUA, 2006
Direção: J.J. Abrams
Com: Tom Cruise, Philip Seymour Hoffman, Michelle Monaghan
Quando: em cartaz a partir desta sexta



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