São Paulo, sexta, 1 de maio de 1998

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OS BAILARINOS
da enviada a São Petersburgo

Os russos orientais dominam a hierarquia do teatro Mariinski atualmente. Assim como Valery Gerguiev e Makhar Vaziev, também Faruk Ruzimatov, primeiro bailarino do Kirov, vem da região do Cáucaso.
Casado pela segunda vez com uma modelo, pai de dois filhos, Ruzimatov associa carisma e perfeição técnica ao temperamento passional que fez a fama de bailarinos russos, como Nureyev.
Aos 35 anos, Ruzimatov compõe a geração intermediária do Kirov, que hoje conta com várias estrelas na faixa dos 20 anos.
No balé "La Bayadère", que será apresentado no Brasil, Ruzimatov promete brilhar ao lado de Altynai Asylmuratova, 37 anos, estrela do Kirov nascida no Cazaquistão, que não participou da turnê brasileira anterior.
"Balés como "La Bayadère' e "Giselle' estão no meu sangue. Danço-os há muito tempo e sempre me encanto com a pureza clássica de seus atos finais", diz Asylmuratova, que nos últimos anos também tem dançado, como convidada, em companhias como o Ballet da Marselha, da França, e no Royal Ballet de Londres.
Para interpretar "La Bayadère", Asylmuratova foi treinada por Olga Moiseyeva, professora do Kirov que no passado estrelou o mesmo balé ao lado de Nureyev.
"Asylmuratova possui a persona que distingue as estrelas. Sua imagem é capaz de permanecer no ânimo do público depois que se retira do palco. Como todos os integrantes do Kirov, ela estudou música, um conhecimento fundamental para qualquer bailarino", comenta Moiseyeva.
Expert em formar estrelas, Moiseyeva também treinou outra primeira bailarina do Kirov, Ioulia Makhalina. No momento, a mestra aposta em Svetlana Zakharova, talento da nova geração que começa a brilhar no elenco do Kirov.
Entre os 18 solistas do Kirov que se apresentarão no Brasil, Uliana Lopatkina, 24 anos, é outro destaque. Segundo a crítica da Inglaterra, onde o Kirov se apresentou recentemente, Lopatkina exala um mistério especial quando interpreta o papel-título de "La Bayadère".
Na mesma faixa etária de Lopatkina há ainda Diana Vishneva, 21 anos, que, como as demais bailarinas do Kirov, está animada com a abertura do grupo para novas coreografias.
Além das obras de Roland Petit montadas no mês passado, o Kirov deve estrear, em 1999, um balé especialmente criado por John Neumeier, coreógrafo e diretor do Ballet de Hamburgo, da Alemanha.
"As obras modernas me interessam, trazem uma estética nova para nós. Mas o espírito do balé clássico está arraigado em nosso ânimo, e isso deve ser conservado", diz Vishneva.
Ao longo de sua história, o Ballet Kirov alterna períodos em que ora se destacam as mulheres, ora os homens. Entre os anos 60 e 70, predominaram estrelas como Nureyev e Baryshnikov.
Hoje, é o elenco feminino que se impõe novamente. Como Ruzimatov, há poucos na atual geração do Kirov. Igor Zelenski, que também sustenta o brilho masculino no elenco, agora é um bailarino free-lance.
Talvez por ciúmes, nos bastidores do Kirov critica-se a ambição de Zelenski, que circula pelo mundo como estrela convidada. Tóquio, Londres, Berlim, San Francisco e Buenos Aires integram a rota frequente do bailarino, que já dançou durante seis anos no New York City Ballet.
Nascido na Geórgia há 27 anos, Zelenski já posou como modelo nos Estados Unidos, para anúncios da marca Gap. Ele também pensa em fazer cinema, mas, por enquanto, acha que seu lugar é o palco.
Assíduo nos espetáculos do Kirov, Zelenski afirma que não pretende se desligar da companhia onde se formou. "O Kirov conserva os clássicos como nenhum outro grupo", diz, acompanhado de sua mãe, que, munida de um telefone celular, segue, com orgulho indisfarçável, cada passo do filho virtuoso. (AFP)



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