|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Descendentes se emocionam com o artefato
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo que chegaram perto
do manto tupinambá na
Mostra do Redescobrimento, Nivalda Amaral de Jesus e
Aloísio Cunha Silva choraram. Depois, permaneceram
longo tempo em silêncio.
"Foi um remorso que eu
senti", tentou descrever dona Nivalda. "Escutei uma
voz não sei de onde, que me
disse: "É este. Não tem outro.
Toda a história do nosso povo está aqui"."
Aloísio surpreendeu-se
com o formato da peça.
"Não conseguimos fazer
mais nada assim, uma veste
que cai pelas costas. Agora
entendo: quando os colonizadores levaram o manto, tiraram nosso poder -e, fracos, perdemos tudo."
No fim-de-semana que
passaram em São Paulo, os
dois quase não usaram cocar. Só o puseram durante a
visita à mostra. "É para quebrar a força dos brancos",
explicaram.
Em diversas ocasiões, entoaram pequenas "músicas
de festa", que aprenderam
"com os parentes mais velhos". A maioria das canções
menciona os tupinambás.
Dona Nivalda gosta de
uma em especial, por julgá-la premonitória. "Preste
atenção nos versos. Parece
que nossos antepassados já
adivinhavam que, um dia,
iríamos buscar o manto: "Eu
vi gemer lá na mata, ê/ Eu vi
gemer lá na mata, á/ Tupinambá é índio guerreiro/
que Tupã deixou na Terra/
para lutar pelo ideal/ Eu vim
de muito longe/ pegar o que
me pertence/ Viva nosso pai
Tupã/ que ama muita gente"."
(AA)
Texto Anterior: Trechos Próximo Texto: Dois museus podem conservar a peça Índice
|