São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2000


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Dois museus podem conservar a peça

DA REPORTAGEM LOCAL

Poucos museus do país preenchem os requisitos para abrigar o manto tupinambá que a comunidade de Olivença (BA) está reivindicando. Com 1,2 m de comprimento, a peça do século 17 é constituída de penas vermelhas do guará, que se fixam em uma trama de fibras naturais.
Conservá-la exige um rígido controle de temperatura ambiente, umidade do ar e iluminação. Entre as principais instituições brasileiras do gênero, somente duas têm hoje condições de suprir tais necessidades: o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, e o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (Universidade de São Paulo).
A avaliação é da antropóloga Lucia Hussak van Velthem, uma das responsáveis pelo módulo de artes indígenas da Mostra do Redescobrimento. "Tecnicamente, ambos os museus podem guardar não apenas o manto, mas qualquer objeto etnográfico."
A pesquisadora diz que só se conhecem mais cinco peças semelhantes à que veio para a exposição. Três se encontram na Itália, uma na Bélgica e a outra na Dinamarca.
Quase nada se sabe sobre o significado dos mantos. Iconografias do período colonial, porém, permitem supor que pajés tupinambás os usavam nos ombros, caindo pelas costas, em rituais xamânicos. A indumentária funcionaria como uma espécie de elo a que os índios recorriam para se aproximar do universo metafísico.
A veste que está no parque Ibirapuera deixou o Brasil por volta de 1644, durante a ocupação holandesa, quando o administrador Maurício de Nassau a retirou de Pernambuco. Após passar pela Holanda, a peça chegou às mãos do rei dinamarquês, que a recebeu de presente e a colocou no Gabinete Real de Curiosidades.
A organização da mostra não informa quanto custou o seguro do manto. A Folha apurou, contudo, que a cifra supera os US$ 100 mil. (AA)


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