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Dois museus podem conservar a peça
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucos museus do país preenchem os requisitos para abrigar o
manto tupinambá que a comunidade de Olivença (BA) está reivindicando. Com 1,2 m de comprimento, a peça do século 17 é constituída de penas vermelhas do
guará, que se fixam em uma trama de fibras naturais.
Conservá-la exige um rígido
controle de temperatura ambiente, umidade do ar e iluminação.
Entre as principais instituições
brasileiras do gênero, somente
duas têm hoje condições de suprir
tais necessidades: o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, e o Museu
de Arqueologia e Etnologia da
USP (Universidade de São Paulo).
A avaliação é da antropóloga
Lucia Hussak van Velthem, uma
das responsáveis pelo módulo de
artes indígenas da Mostra do Redescobrimento. "Tecnicamente,
ambos os museus podem guardar
não apenas o manto, mas qualquer objeto etnográfico."
A pesquisadora diz que só se conhecem mais cinco peças semelhantes à que veio para a exposição. Três se encontram na Itália,
uma na Bélgica e a outra na Dinamarca.
Quase nada se sabe sobre o significado dos mantos. Iconografias
do período colonial, porém, permitem supor que pajés tupinambás os usavam nos ombros, caindo pelas costas, em rituais xamânicos. A indumentária funcionaria como uma espécie de elo a que
os índios recorriam para se aproximar do universo metafísico.
A veste que está no parque Ibirapuera deixou o Brasil por volta
de 1644, durante a ocupação holandesa, quando o administrador
Maurício de Nassau a retirou de
Pernambuco. Após passar pela
Holanda, a peça chegou às mãos
do rei dinamarquês, que a recebeu de presente e a colocou no
Gabinete Real de Curiosidades.
A organização da mostra não
informa quanto custou o seguro
do manto. A Folha apurou, contudo, que a cifra supera os US$
100 mil.
(AA)
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