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Livro é melodrama simplório
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Pearl Harbor" , o livro, não é um bom romance. Personagens construídos sem complexidade, situações totalmente inverossímeis
e diálogos cheios de lugares-comuns fazem do texto um melodrama de má qualidade.
Randall Wallace, de "Braveheart" e "O Homem da Máscara de Ferro", é quem assina a
história de "Pearl Harbor" que
chega hoje às telas e às livrarias.
A principal fragilidade do livro é a inconsistência dos personagens. Suas difíceis decisões
(ir à guerra, trair o melhor amigo, abandonar a amada) são tomadas sem expor as peculiaridades e ambiguidades de cada
um. É como se todos tivessem a
mesma personalidade.
Os diálogos são marcados pela pieguice. Por exemplo: "Rafe, sou uma enfermeira. Faço o
que tenho de fazer". Ele: "Isto
tem de ser feito". Ela: "E o futuro do mundo depende todo de
você?". Ele: "Depende de mim
ser quem eu sou". E por aí vai.
O livro não veio trazer nova
abordagem ou mostrar as opiniões divergentes sobre o fato
histórico. Ainda assim, Wallace não se furta a comentários
simplórios: "Os tempos puseram os espíritos americanos à
prova, e, através das provas, os
americanos triunfaram".
A grandiloquência da narrativa é proporcional à falta de
bom gosto do estilo do autor.
Os japoneses vão atacar Pearl
Harbor. Wallace descreve: "O
piloto do bombardeiro japonês
olhou à sua esquerda e viu o sol
nascendo por sobre o horizonte oriental, emitindo raios em
todas as direções, parecendo
com a bandeira japonesa. Ele
considerou a visão um presságio maravilhoso".
Ou ainda, relatando o encontro do par romântico: "Rafe a
olhou como se visse alguma
coisa mágica dentro dela, algo
que ele reconheceu porque
também estava dentro dele".
"Pearl Harbor" é tiro n'água.
Pearl Harbor
Pearl Harbor
Autor: Randall Wallace
Tradução: Miriam Groeger
Editora: Ediouro
Preço: R$ 29,90 (347 págs.)
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