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CINEMA
"Asesinato en Febrero", sobre parentes de vítimas do grupo separatista, integra mostra espanhola que começa hoje em SP
Documentário retrata a sombra do terror do ETA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Mostra de Cinema Espanhol
Contemporâneo: Longas e Curtas
-que ocupa o Centro Cultural
São Paulo nesta semana- traz do
cineasta Eterio Ortega a visão de
um fantasma que sempre volta a
assombrar seu país: o grupo separatista basco ETA.
Realizado em 2001, o documentário "Asesinato en Febrero"
acompanha os familiares das
duas primeiras vítimas fatais de
ataques do grupo num pequeno
povoado basco, após trégua antes
da qual as ações terroristas do
ETA haviam matado 850 pessoas
na Espanha, ao longo de 40 anos,
desde a década de 60.
Estão, portanto, ausentes do filme os desdobramentos na política interna espanhola da suspeita
levantada contra o ETA pelo ex-primeiro-ministro José María Aznar sobre a autoria dos ataques
terroristas de 11 de março último,
em Madri, em que 191 morreram.
Interpretada pelo eleitorado como uma manobra para desviar a
atenção da possibilidade de serem
os atentados um revide do fundamentalismo islâmico ao apoio dado pela Espanha de Aznar à guerra do Iraque, a acusação custou ao
partido do ex-primeiro-ministro
a derrota nas eleições.
Ortega, 42, nascido na região
basca, documenta as tentativas de
parentes das vítimas -um político local e um policial que fazia sua
guarda- de retomar a rotina e lidar com as ausências, provocadas
brutalmente. Mulher, filhas, pai,
amigos do político e do policial falam para a câmera e se deixam
acompanhar em várias tarefas.
"Asesinato en Febrero" foi exibido no Festival de Mar del Plata
(Argentina), em 2002, quando
Ortega conversou com a Folha. O
diretor afirma que fez o documentário "para mostrar o horror
de alguém se dar o direito de matar em nome de um ideal".
O ponto de vista do cineasta faz
com que ele assuma sem preocupações de isenção a ausência, no
documentário, de uma voz que
fale em nome do "ideal" do ETA.
"Não queria contar a história do
"outro lado". Não queria simular
eqüidistância, porque não existe
eqüidistância. Eu poderia até fazer um filme sobre o ETA, com a
mesma sinceridade com que fiz
esse, mas não para me dizerem
como devo filmar."
Além de "Asesinato en Febrero", o ciclo espanhol tem entre
suas atrações "Fausto 5.0", a primeira realização cinematográfica
do grupo teatral catalão La Fura
del Baus, lançada em 2001.
"Fausto 5.0" é livre adaptação
da obra literária de Goethe, em
que médico reencontra paciente,
oito anos depois de havê-lo diagnosticado como terminal.
O longa do Fura e os outros títulos da mostra, como "Sin Verguenza", de Joaquín Oristrell, o
média "Yo Soy de Mi Barrio", de
Juan Vicente Córdoba, e o curta
"El Puzzle", de Belén Macias, serão exibidos na versão original,
sem legendas em português, exceto "Silencio Roto" e "Intacto".
MOSTRA DE CINEMA ESPANHOL
CONTEMPORÂNEO: LONGAS E
CURTAS. Onde: Centro Cultural São
Paulo - sala Lima Barreto (r. Vergueiro,
1.000, Paraíso, tel. 0/xx/11/3277-3611
ramal 279). Quando: de hoje ao dia 6.
Quanto: grátis. Os ingressos devem ser
retirados uma hora antes das sessões.
Realização: Instituto Cervantes de São
Paulo e Embaixada da Espanha.
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