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Beastie volta com Bush, NY e suingue
ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No final do mês passado, os
Beastie Boys estavam nos estúdios da MTV norte-americana
em Nova York, fazendo a maratona de lançamento do seu novo clipe, "Ch-Check It Out", o primeiro
single do novo disco do grupo,
"To the 5 Boroughs", que será
lançado em todo o mundo no
próximo dia 15. Eminem, que estava na emissora no mesmo dia,
promovendo o novo disco de sua
banda D12, "D12 World", soube
que o trio estava por perto e resolveu cumprimentá-los.
Encontrou-os num camarim,
pouco depois de Adam "King
AdRock" Horovitz, Michael "Mike D" Diamond e Adam "MCA"
Yauch conversarem e rirem com
alguns conhecidos sobre a possibilidade de batizar o novo disco
de "Still Doin" It, Huh?" (Ainda
Fazendo, Hein?, com vários sentidos para o verbo "fazer").
Após entrar e conversar com os
três, Eminem despediu-se dizendo que "ainda estava fazendo",
como saudação ao trio, que não
conteve a gargalhada, deixando o
rapper de Detroit intrigado.
O site canadense Chart Attack,
que presenciou a cena, ainda cogitou a possibilidade de Eminem,
que está gravando seu quarto álbum solo, usar o mal-entendido
como motivo para listar o trio em
sua extensa lista de desafetos citados em disco, mas os próprios
beasties desconversaram: "Nah...
Eu não acho que ele ligou... Não
foi nada demais", disse Mike D, "e
ele tem senso de humor".
É o destino aproximando duas
lendas vivas do hip hop, representantes de uma linhagem única no
gênero. Bufões e controversos à
medida que dominam o mercado
de discos, o gosto da molecada e o
controle de qualidade de suas rimas.
"Ch-Check It Out" abre com
MCA intimando "trekkies e viciados em TV" e "Klingons na casa
da vovó" numa faixa com o impacto explosivo do mesmo calibre
de canções como "Sure Shot", "So
what'cha Want" e "Body Movin"
e repleta de referências a velhos
programas de TV americanos,
tornando sua letra praticamente
alienígena a ouvidos brasileiros. É
só um aperitivo de um disco que
tem como um de seus três pilares
básicos a citação exaustiva de ícones da cultura de baixo nível, um
tema já caro aos Beastie Boys, mas
desta vez levado às últimas conseqüências.
Outro ponto de apoio do grupo
são grooves cavalares e faixas para
dançar, tomando mais da metade
do disco. Das 15 faixas, dez focam
no suingue pesado e usam bases
às vezes manjadas, como "Good
Times", hino disco do Chic. Outra
faixa sampleada é "Sonic Reducer", dos Dead Boys, usada como
base para "An Open Letter to
NYC", que enfatiza o terceiro pilar do novo disco: a cidade de Nova York depois do atentado contra o World Trade Center.
"Desde o 11 de Setembro estamos vivendo/ E amando a vida
que nos foi dada/ Nada vai tirar isso de nós/ Estamos bem e unidos,
pois acreditamos na cidade", cantam na faixa.
O disco aproveita o sentimento
de reconstrução que assolou a
maior cidade dos EUA após o 11
de Setembro para fazer duras críticas à mentalidade estreita da administração Bush. "George W.
não é nada meu", cantam em
"That It's that All", "temos que tirar o poder dele". Em "Time to
Built", depois de cantarem sobre
terem "um presidente que nunca
foi eleito", critica a xenofobia
crescente nos EUA: "Por que você
odeia pessoas que nunca viu? Sua
mãe não te deu educação?". "All
Lifestyles" bate na mesma tecla,
só que num outro ponto de vista:
"Temos que manter a festa rolando/ Todos os estilos de vida, tamanhos, formas e formatos".
O álbum marca o fim de um período complicado para o grupo,
que culminou com a falência de
sua gravadora, Grand Royal, no
fim de 2001. O novo disco é o primeiro desde "Licensed to Ill", a
estréia do grupo, a não sair por
seu próprio selo, e sim pela gravadora major logo acima, a Capitol.
TO THE 5 BOROUGHS. Artista: Beastie
Boys. Gravadora: EMI. Quanto: R$ 35, em
média (a partir de 15/6).
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