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POLÍTICA CULTURAL
Ministro da Cultura prevê "ecos importantes" da Casa Civil nas "questões" de seu ministério
Gil pede agilidade a Palocci e acha "bom" artistas irem a Dirceu
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Cultura, Gilberto
Gil, afirmou anteontem que "é
bom" que um grupo de produtores e cineastas tenha procurado o
ministro da Casa Civil, José Dirceu, para discutir assuntos relativos à sua pasta.
A reunião entre representantes
do cinema e Dirceu ocorreu no
Rio de Janeiro, no último dia 11. O
grupo manifestou ao chefe da Casa Civil insatisfação com a distribuição de verbas de patrocínio
pelas empresas estatais.
"Melhor que procurem muita
gente. É bom. É uma forma de envolver a Casa Civil um pouco
mais. Isso deve ter ecos importantes na maneira como a Casa Civil
vê o próprio encaminhamento
que tem que fazer das questões
junto ao Ministério da Cultura",
disse Gil, após participar de sabatina na Folha, em São Paulo.
O ministro afirmou na sabatina
não ter intenção de deixar o cargo. Atribuiu os boatos de que estaria demissionário ao fato de que
"muita gente quer" que ele saia.
Lei Rouanet
Gil anunciou que encaminhará
"provavelmente na semana que
vem" à Casa Civil proposta de decreto que modifica a Lei Rouanet
(1991), de fomento cultural.
Ao lado da Lei do Audiovisual
(1993), a Rouanet é o principal
mecanismo de patrocínio à cultura por meio de renúncia fiscal
-autoriza o uso de parte do Imposto de Renda devido no financiamento de projetos culturais.
Para receber o benefício, os projetos devem ser previamente
aprovados pelo Ministério da
Cultura (MinC). As leis ambicionavam criar o hábito do investimento em cultura nas empresas
privadas. Porém as líderes em renúncia ainda são as estatais.
Entre as mudanças propostas
na lei, Gil relacionou "a possibilidade de investimento de empresas patrocinadoras a partir de editais do MinC, investimentos através da compra e distribuição de
ingressos para espetáculos, criação de um fundo para sustento de
atividades culturais, como museus e fundações".
O ministro afirmou que haverá
"rigor muito maior na avaliação e
acompanhamento dos projetos" e
disse que as propostas passarão a
ter seu mérito avaliado pela comissão que as julga. "A lei assegura que critérios de qualidade sejam estabelecidos", disse.
Antes, o ministro havia defendido que "o poder público deveria
se ater a setores desprotegidos" na
atividade de fomento.
Palocci
Com 57% (R$ 289 milhões) de
seu orçamento para este ano contingenciado (retido) pelo governo, o MinC não tem verba para
investir em projetos culturais, segundo anunciou na semana passada o secretário-executivo do
ministério, Juca Ferreira.
Gil afirmou haver solicitado ao
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que "providencie o mais rápido possível" o estudo do pedido
formulado pelo MinC para o descontingenciamento de seu orçamento. O governo sugeriu que os
dois ministérios formassem um
grupo de avaliação comum.
"A posição do Ministério da
Cultura é pelo descontingenciamento de todo o valor contingenciado. A posição do Ministério da
Fazenda não é essa. Deve ser no
sentido de descontingenciar uma
parte", disse Gil.
O ministro afirmou que pediu
também a Palocci a "agilização
dos repasses da parte não-contingenciada do orçamento".
Na segunda pela manhã, Gil havia presidido, no Rio, o ato de
posse de seu assessor Manoel
Rangel na diretoria da Ancine
(Agência Nacional do Cinema).
Rangel é um dos ideólogos do
projeto de transformação da Ancine em Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual),
do qual o governo "recuou", como afirmou o ministro.
"Ele [Rangel] vai trazer contribuições importantíssimas para
uma série de problemas lá [na
Ancine]. Ao mesmo tempo, é outra pessoa, com outra fala, outro
discurso, outra visão de mundo, o
que vão ser potencialmente elementos de atrito. Todos os que estarão lá terão de administrar isso", disse o ministro.
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