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Livro revira sexualidade e religião de Tom Cruise
Astro aparece em biografia como mulherengo e "segundo homem" da cientologia
Andrew Morton, que já escreveu sobre Lady Di e Monica Lewinsky, sustenta que ator tem como missão "recrutar celebridades"
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Não dê ouvidos à maldade
alheia; Tom Cruise, 45, não é
gay. Ao menos é o que afirma o
jornalista Andrew Morton em
"Tom Cruise: Biografia Não-Autorizada", recém-lançado no
Brasil. Autor de livros sobre
Lady Di e Monica Lewinsky,
Morton decidiu escrever a biografia após ver Cruise, um astro
quarentão, com dois casamentos nas costas, aparecer pulando no sofá da apresentadora
Oprah Winfrey, declarando seu
amor pela atriz Katie Holmes.
O autor classifica Cruise como o "segundo homem" da
cientologia, vertente religiosa
que ataca a psiquiatria e a psicanálise, vê nos homens a presença de elementos alienígenas
e é acusada de fazer lavagem cerebral nos que a buscam para
atingir a plenitude espiritual.
Em entrevista à Folha, Morton diz ter recebido dos advogados do ator ameaças de um
processo de US$ 100 milhões
(cerca de R$ 166 milhões).
Proibido no Reino Unido, na
Austrália e na Nova Zelândia
(por causa de leis anticalúnia),
o livro foi lançado no início
deste ano nos Estados Unidos,
recebendo críticas negativas do
"New York Times", para quem
Morton foi além da "reportagem responsável", e do "Chicago Tribune", que questionou a
veracidade das informações.
De nada adiantou. O livro do
ex-repórter de um tablóide britânico alcançou o primeiro lugar nas listas de best-sellers
dos EUA. E Morton garante:
"Longe de ser gay, Tom é um
mulherengo que nunca ficou
sem uma mulher em sua vida".
Leia trechos da entrevista.
FOLHA - Por que a sexualidade de
Tom Cruise desperta mais interesse
do que a de tantos outros astros?
ANDREW MORTON - Se você pesquisar na internet "Tom Cruise" e "gay", vai encontrar 2 milhões de entradas. As razões para os rumores de que ele é gay
são várias. Primeiro, o filme
que fez seu nome, "Ases Indomáveis", tinha insinuações homoeróticas e era um dos favoritos da comunidade gay.
Depois, sua primeira mulher,
Mimi Rogers, disse que ele queria ser um monge e mantinha
seu "instrumento" puro. Posteriormente, ela disse que estava
brincando. E quando Tom se
casou com Nicole Kidman, eles
adotaram duas crianças, o que
levou a boatos de que ele era estéril. O verdadeiro motivo é que
ela havia sofrido um aborto natural e tinha sido aconselhada a
não ter mais filhos.
Além disso, tem a cientologia. A seita [criada pelo escritor
de ficção científica L. Ron Hubbard] se gaba de que pode curar
a homossexualidade. Então,
muitos gays aderiram para ser
curados, o que leva à suspeita
de que todos os homens na seita têm um passado gay. Tom
processou publicações, ganhou
todas as vezes, mas o público ficou com a sensação de que onde há fumaça há fogo.
FOLHA - A que ponto a cientologia
interfere na carreira do ator?
MORTON - A vida pessoal e profissional dele é dominada pela
seita. Suas mulheres, sua mãe,
suas irmãs e a maioria de seus
amigos são cientologistas. Ele
se submete todos os dias ao
aconselhamento e às técnicas
da cientologia. Nicole Kidman
e Katie Holmes eram católicas
antes de conhecerem Tom.
Elas se casaram com ele depois
de se converterem. Quando ele
promove seus filmes, fala mais
sobre a fé que sobre o trabalho.
Ele atacou a psiquiatria no programa do apresentador Matt
Lauer quando deveria falar de
"A Guerra dos Mundos". Ao
promover "Vanilla Sky", esteve
com embaixadores em Madri,
Berlim e Paris, assim como com
[o presidente francês] Nicolas
Sarkozy, para promover "liberdade religiosa". Ele é um missionário, será lembrado tanto
pela fé quanto pelos filmes.
FOLHA - Você defende que Cruise é
o "segundo homem" na seita....
MORTON - Ele efetivamente é o
segundo homem no comando
da cientologia, encarregado de
recrutar celebridades e atuar
como garoto-propaganda. Sem
seu envolvimento, a seita seria
só uma sombra do que é hoje.
Lá dentro, ele é tratado como
um rei. A igreja pagou cerca de
US$ 300 mil para uma festa de
aniversário dele a bordo de um
cruzeiro. Trouxeram músicos,
cantores e dançarinos do mundo todo para entretê-lo.
Sua missão é vender a cientologia, usar seu status de celebridade para encontrar-se com
presidentes, primeiros-ministros etc., e pressioná-los a aceitar sua fé. Por exemplo, ele se
encontrou com o secretário
[equivalente a ministro] de
Educação americano para fazer
lobby em prol de verba pública
para o ensino da cientologia.
Ele consegue acesso a pessoas
influentes não pelo que sabe,
mas por conta de quem ele é.
TOM CRUISE: BIOGRAFIA NÃO-AUTORIZADA
Autor: Andrew Morton
Tradução: Celeste Martins Veloso do
Nascimento
Editora: Manole
Quanto: R$ 49 (384 págs.)
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