São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Livro revira sexualidade e religião de Tom Cruise

Astro aparece em biografia como mulherengo e "segundo homem" da cientologia

Andrew Morton, que já escreveu sobre Lady Di e Monica Lewinsky, sustenta que ator tem como missão "recrutar celebridades"

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Não dê ouvidos à maldade alheia; Tom Cruise, 45, não é gay. Ao menos é o que afirma o jornalista Andrew Morton em "Tom Cruise: Biografia Não-Autorizada", recém-lançado no Brasil. Autor de livros sobre Lady Di e Monica Lewinsky, Morton decidiu escrever a biografia após ver Cruise, um astro quarentão, com dois casamentos nas costas, aparecer pulando no sofá da apresentadora Oprah Winfrey, declarando seu amor pela atriz Katie Holmes.
O autor classifica Cruise como o "segundo homem" da cientologia, vertente religiosa que ataca a psiquiatria e a psicanálise, vê nos homens a presença de elementos alienígenas e é acusada de fazer lavagem cerebral nos que a buscam para atingir a plenitude espiritual. Em entrevista à Folha, Morton diz ter recebido dos advogados do ator ameaças de um processo de US$ 100 milhões (cerca de R$ 166 milhões).
Proibido no Reino Unido, na Austrália e na Nova Zelândia (por causa de leis anticalúnia), o livro foi lançado no início deste ano nos Estados Unidos, recebendo críticas negativas do "New York Times", para quem Morton foi além da "reportagem responsável", e do "Chicago Tribune", que questionou a veracidade das informações.
De nada adiantou. O livro do ex-repórter de um tablóide britânico alcançou o primeiro lugar nas listas de best-sellers dos EUA. E Morton garante: "Longe de ser gay, Tom é um mulherengo que nunca ficou sem uma mulher em sua vida". Leia trechos da entrevista.  

FOLHA - Por que a sexualidade de Tom Cruise desperta mais interesse do que a de tantos outros astros?
ANDREW MORTON
- Se você pesquisar na internet "Tom Cruise" e "gay", vai encontrar 2 milhões de entradas. As razões para os rumores de que ele é gay são várias. Primeiro, o filme que fez seu nome, "Ases Indomáveis", tinha insinuações homoeróticas e era um dos favoritos da comunidade gay. Depois, sua primeira mulher, Mimi Rogers, disse que ele queria ser um monge e mantinha seu "instrumento" puro. Posteriormente, ela disse que estava brincando. E quando Tom se casou com Nicole Kidman, eles adotaram duas crianças, o que levou a boatos de que ele era estéril. O verdadeiro motivo é que ela havia sofrido um aborto natural e tinha sido aconselhada a não ter mais filhos.
Além disso, tem a cientologia. A seita [criada pelo escritor de ficção científica L. Ron Hubbard] se gaba de que pode curar a homossexualidade. Então, muitos gays aderiram para ser curados, o que leva à suspeita de que todos os homens na seita têm um passado gay. Tom processou publicações, ganhou todas as vezes, mas o público ficou com a sensação de que onde há fumaça há fogo.

FOLHA - A que ponto a cientologia interfere na carreira do ator?
MORTON
- A vida pessoal e profissional dele é dominada pela seita. Suas mulheres, sua mãe, suas irmãs e a maioria de seus amigos são cientologistas. Ele se submete todos os dias ao aconselhamento e às técnicas da cientologia. Nicole Kidman e Katie Holmes eram católicas antes de conhecerem Tom.
Elas se casaram com ele depois de se converterem. Quando ele promove seus filmes, fala mais sobre a fé que sobre o trabalho.
Ele atacou a psiquiatria no programa do apresentador Matt Lauer quando deveria falar de "A Guerra dos Mundos". Ao promover "Vanilla Sky", esteve com embaixadores em Madri, Berlim e Paris, assim como com [o presidente francês] Nicolas Sarkozy, para promover "liberdade religiosa". Ele é um missionário, será lembrado tanto pela fé quanto pelos filmes.

FOLHA - Você defende que Cruise é o "segundo homem" na seita....
MORTON
- Ele efetivamente é o segundo homem no comando da cientologia, encarregado de recrutar celebridades e atuar como garoto-propaganda. Sem seu envolvimento, a seita seria só uma sombra do que é hoje.
Lá dentro, ele é tratado como um rei. A igreja pagou cerca de US$ 300 mil para uma festa de aniversário dele a bordo de um cruzeiro. Trouxeram músicos, cantores e dançarinos do mundo todo para entretê-lo.
Sua missão é vender a cientologia, usar seu status de celebridade para encontrar-se com presidentes, primeiros-ministros etc., e pressioná-los a aceitar sua fé. Por exemplo, ele se encontrou com o secretário [equivalente a ministro] de Educação americano para fazer lobby em prol de verba pública para o ensino da cientologia. Ele consegue acesso a pessoas influentes não pelo que sabe, mas por conta de quem ele é.


TOM CRUISE: BIOGRAFIA NÃO-AUTORIZADA
Autor:
Andrew Morton
Tradução: Celeste Martins Veloso do Nascimento
Editora: Manole
Quanto: R$ 49 (384 págs.)


Texto Anterior: Ferreira Gullar: Os novos corruptos
Próximo Texto: Crítica/"Margot e o Casamento": Nicole Kidman desperta mágoas de família em filme
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.