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Crítica/"Margot e o Casamento"
Nicole Kidman desperta mágoas de família em filme
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
O diretor e roteirista
americano Noah
Baumbach se diz grande fã dos irmãos Dardenne -os
cineastas belgas de "O Filho"
(2002) e "A Criança" (2005)- e
da nouvelle vague francesa, o
movimento que revelou François Truffaut, Jean-Luc Godard, Eric Rohmer e outros.
Dizer, todo mundo diz. Mais
difícil, sobretudo nos Estados
Unidos, é transformar a admiração em referência concreta.
Quando o sucesso de "A Lula
e a Baleia" (2005) -indicado ao
Oscar de roteiro original, categoria em que recebeu diversos
prêmios da crítica norte-americana- poderia lhe garantir
uma inserção mais amigável na
indústria, ele vem com "Margot
e o Casamento", que chega direto em DVD ao Brasil.
Produção independente, é
uma comédia dramática que
trata de família em desequilíbrio emocional (como "A Lula e
a Baleia") e distribui bons momentos para meia dúzia de atores. Descrito assim, parece "Pequena Miss Sunshine" (2006),
mas é quase o seu avesso, ao fugir da tradição narrativa predominante nos filmes americanos
e das soluções dramáticas de
"feel good movie".
Há um mal-estar permanente em "Margot e o Casamento",
trabalhado cuidadosamente
pela montagem (que fragmenta
a história), pela ausência de
música que sublinhe o sentido
da ação, pelos movimentos de
câmera e, em especial, pelo empenho colaborativo (com base
em improviso) do elenco.
Escritora, Margot (Nicole
Kidman) viaja com o filho
Claude (o estreante Zane Pais)
-nome, aspecto e angústias de
adolescente de filme francês-
até a casa da família onde cresceu. Homenagem a Rohmer: o
lugar, na praia, pertence agora à
sua irmã Pauline (Jennifer Jason Leigh, mulher de Baumbach), que vai se casar de novo.
Pauline tem uma filha adolescente (Flora Cross, de "Palavras de Amor") do primeiro casamento e não gosta do novo
marido (Jack Black), o que contribui para fazer do reencontro
entre as irmãs uma reedição de
mágoas alimentadas pela história da família -pai, mãe e outra
irmã são personagens ausentes, mas de peso.
Outras figuras se intrometem -o marido (John Turturro) e o amante (Ciarán Hinds)
de Margot, a filha do segundo
(Halley Feiffer), os vizinhos intolerantes- no temporal de
emoções que também molha o
espectador, tão perto (dentro,
mesmo) se parece estar.
MARGOT E O CASAMENTO
Diretor: Noah Baumbach
Distribuidora: Paramount
Quanto: só para locação; classificação: 18 anos
Avaliação: bom
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