São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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Crítica/"Margot e o Casamento"

Nicole Kidman desperta mágoas de família em filme

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

O diretor e roteirista americano Noah Baumbach se diz grande fã dos irmãos Dardenne -os cineastas belgas de "O Filho" (2002) e "A Criança" (2005)- e da nouvelle vague francesa, o movimento que revelou François Truffaut, Jean-Luc Godard, Eric Rohmer e outros. Dizer, todo mundo diz. Mais difícil, sobretudo nos Estados Unidos, é transformar a admiração em referência concreta.
Quando o sucesso de "A Lula e a Baleia" (2005) -indicado ao Oscar de roteiro original, categoria em que recebeu diversos prêmios da crítica norte-americana- poderia lhe garantir uma inserção mais amigável na indústria, ele vem com "Margot e o Casamento", que chega direto em DVD ao Brasil.
Produção independente, é uma comédia dramática que trata de família em desequilíbrio emocional (como "A Lula e a Baleia") e distribui bons momentos para meia dúzia de atores. Descrito assim, parece "Pequena Miss Sunshine" (2006), mas é quase o seu avesso, ao fugir da tradição narrativa predominante nos filmes americanos e das soluções dramáticas de "feel good movie".
Há um mal-estar permanente em "Margot e o Casamento", trabalhado cuidadosamente pela montagem (que fragmenta a história), pela ausência de música que sublinhe o sentido da ação, pelos movimentos de câmera e, em especial, pelo empenho colaborativo (com base em improviso) do elenco.
Escritora, Margot (Nicole Kidman) viaja com o filho Claude (o estreante Zane Pais) -nome, aspecto e angústias de adolescente de filme francês- até a casa da família onde cresceu. Homenagem a Rohmer: o lugar, na praia, pertence agora à sua irmã Pauline (Jennifer Jason Leigh, mulher de Baumbach), que vai se casar de novo. Pauline tem uma filha adolescente (Flora Cross, de "Palavras de Amor") do primeiro casamento e não gosta do novo marido (Jack Black), o que contribui para fazer do reencontro entre as irmãs uma reedição de mágoas alimentadas pela história da família -pai, mãe e outra irmã são personagens ausentes, mas de peso.
Outras figuras se intrometem -o marido (John Turturro) e o amante (Ciarán Hinds) de Margot, a filha do segundo (Halley Feiffer), os vizinhos intolerantes- no temporal de emoções que também molha o espectador, tão perto (dentro, mesmo) se parece estar.


MARGOT E O CASAMENTO
Diretor:
Noah Baumbach
Distribuidora: Paramount
Quanto: só para locação; classificação: 18 anos
Avaliação: bom


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