São Paulo, sábado, 01 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA
Instituto é criado para preservar memória do produtor iugoslavo, que vivia em São Paulo e morreu no ano passado
Disco de Suba sai no Brasil 1 ano atrasado

Cléo Velleda - 30.mar.99/Folha Imagem
O músico e produtor iugoslavo radicano no Brasil Suba (1961-99), que tem seu "São Paulo Confessions lançado aqui


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Produtor iugoslavo estabelecido no Brasil havia dez anos, Mitar Subotic, o Suba, morreu no dia 2 de novembro de 1999. Dois meses antes, havia lançado, pelo selo belga Crammed, o disco "São Paulo Confessions". Mas só na próxima semana, quase 12 meses depois, o único álbum que legou como artista chegará às lojas nacionais de discos.
Embora produzisse discos para grandes gravadoras como a Sony e a Universal e tenha morrido -num incêndio em seu apartamento- prestes a assinar contrato com a Natasha, não vem da grande indústria a iniciativa do tardio lançamento no país que ele adotara como seu.
Para fazer da edição de "São Paulo Confessions" o primeiro ato "militante", foi criado o Instituto Suba, com ambição de, além de funcionar como congregador de artistas independentes, desenvolver também atividades de cunho social.
Quem dirige o Instituto Suba é o músico e ex-diretor da gravadora Atração Edson Natale, 38, amigo de Suba desde sua chegada a São Paulo, em 1990.
A administração de Natale conta com o apoio de um conselho formado por 14 amigos de Suba, como o percussionista João Parahyba, a cantora e compositora Taciana Barros (também sua ex-mulher), o artista plástico Guto Lacaz, a atriz Marisa Orth, a diretora teatral Renata Melo e o astrólogo Oscar Quiroga. Ruza Subotic, mãe de Suba, residente na Croácia, acompanha e aprova os trabalhos de longe.
Os recursos para o empreendimento vêm de royalties recebidos pela mãe de Suba na Europa: alguns dos conselheiros, como Orth e Quiroga, vêm oferecendo contribuições em dinheiro.
"O conselho é formado por amigos, mas que são pessoas de várias áreas da cultura, como teatro, dança, TV e produção. Não é um instituto para trabalhar só com música, mas para preservar a memória de Suba e desenvolver trabalhos sociais", diz Natale.
De primeira, por exemplo, um texto acoplado à capa de "São Paulo Confessions" divulga a Associação Rodrigo Mendes, organização sem fins lucrativos com o objetivo de promover o desenvolvimento artístico de pessoas portadoras de deficiência.
Natale procura justificar a iniciativa: "Não há uma demanda significativa de pessoas que queiram fazer trabalhos sociais utilizando a cultura. Achávamos que o Suba era maior que o disco estar nas prateleiras. Começamos a pensar no instituto, e a coisa foi tomando uma dimensão grande, porque tudo fazia mais sentido se fosse pelo instituto".

"Grife cultural"
"A idéia é que o nome Suba se transforme numa grife cultural, honrando o trabalho que ele fez como produtor", diz Natale. No campo musical, o instituto se prepara, na sequência, para lançar o disco da ex-vocalista do grupo paulistano Luni Natália Barros, que Suba também produziu.
Segundo Natale, a meta é lançar 12 CDs pelo instituto ainda neste ano. Deve funcionar como gravadora e também como licenciadora de produtos prontos, mas sem veículo de distribuição. Já estão na fila discos de Sisão Machado, Tuco Freire e Renato Consorte, entre outros.
O esquema imaginado é que artistas independentes que lancem discos pelo Instituto Suba paguem uma mensalidade de R$ 60 por um ano, em troca de apoio jurídico, de distribuição e de divulgação por parte da instituição.
O Instituto Suba terá site na Internet (www.suba.com.br) e um serviço de atendimento ao consumidor por e-mail (sac@suba.com.br). Devem estar operantes no próximo dia 11, quando o instituto e o disco serão lançados oficialmente, no MAM do Ibirapuera.
O CD de Suba pode ser comprado pela Internet, no site da distribuidora associada, MCD World Music (www.mcd.com.br).
Penúltimo trabalho de Suba (depois ele havia produzido o CD, também importado, de Bebel Gilberto), "São Paulo Confessions" conquistou críticas calorosas na imprensa norte-americana ("The New York Times", "Rolling Stone", "Daily News") e européia ("Libération", "The Observer").


Texto Anterior: Drauzio Varella: A propaganda do cigarro
Próximo Texto: Disco-testamento é diálogo entre o produtor e o criador
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.