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Lobão ameaça processar Maynard
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Afirmações do presidente da
Abril Music e membro do conselho da Associação Brasileira dos
Produtores de Discos (ABPD)
Marcos Maynard à Folha, na sexta-feira, abriram um tiroteio na
indústria fonográfica.
Se artistas como Rita Lee e Gilberto Gil insinuam formar dissidência contra a liderança de Lobão no lobby pela lei que prevê a
numeração de CDs, aprovada semana passada no Senado, o músico diz que vai processar Maynard
pelas críticas que dirigiu a ele.
"Esse senhor disse que sou destrutivo, raivoso, gladiador e Dom
Quixote. Ele vai ter que se retratar,
ou vai ser processado por injúria e
difamação. Me sinto até lisonjeado por ser chamado de "esse menino", aos 44 anos, mas tem que ficar claro que as gravadoras tratam os artistas de forma viciosa,
como se fôssemos imbecis".
Quanto às críticas que o texto
do projeto vem sofrendo por parte da indústria, que alega a inviabilidade da numeração e assinatura do autor cópia por cópia, Lobão responde, admitindo que há
pontos obscuros.
"Queremos esclarecer que não
somos malucos, sabemos o que
fazemos. O texto tem imperfeições, mas não podemos interferir
nele agora, ou terá que voltar para
a Câmara. Ele deve ser sancionado como está para ser reescrito
quando a lei for regulamentada".
O tiroteio respingou também na
TV, via Gugu Liberato, que em
seu programa "Domingo Legal"
(SBT) entregou disco de platina
duplo a Supla, por supostas 500
mil cópias vendidas do CD "O
Charada Brasileiro".
Maynard admitiu que o disco
não vendeu 600 mil cópias, como
se alardeava, porque metade encalhou nas lojas e foi devolvida à
gravadora Abril. Há duas semanas, a ABPD havia admitido, ineditamente, que a confusão entre
número de CDs fabricados e vendidos aos lojistas e quantidade
vendida ao consumidor final é comum na indústria fonográfica.
"Quem entregou disco falso de
platina dupla a Supla foi a gravadora, não nós. A culpa não é nossa, é toda deles. Entregamos discos de ouro e platina aceitando a
palavra das gravadoras", atira o
diretor do programa de Gugu,
Roberto Manzoni, que diz que
agora o programa só entregará esses prêmios mediante certificado
de vendagem emitido pela ABPD.
"Todas as vendas, no Brasil e no
mundo, são passíveis de devolução", defende-se Maynard. "Nem
Gugu nem a Abril Music entregaram disco de platina duplo falso.
O mercado comprou e meses depois devolveu. Não existe má-fé
de nenhuma das partes."
Supla, o artista envolvido, reage
à notícia com respostas-perguntas: "Quando me entregaram o
disco duplo de platina, achei legal
para caramba. Como eu poderia
controlar quanto vendi? Pela numeração dos CDs? O que faço
agora, devolvo o disco duplo de
platina? Vou devolver aonde, para
quem?".
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