DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Houve um tempo em que ninguém suportava Courtney Love, 38 -só Kurt Cobain, seu marido e vocalista do Nirvana, que se suicidou em 1994. Houve um tempo em que todos adoravam Courtney Love, quando atuou no premiado "O Povo contra Larry Flint" (1996), de Milos Forman, lançou um disco com pinta de celebridade ("Celebrity Skin") e foi vista de braços dados com Jim Carrey e Edward Norton. E houve ainda um tempo em que ninguém mais se lembrava de Love.
Coube à MTV trazer a estrela de volta aos holofotes. "Premiada" com 24 horas da programação do canal musical adolescente, a roqueira desbocada teve tempo o suficiente para discorrer sobre as suas opiniões a respeito de música e atitude, escolher os clipes de suas bandas favoritas -White Stripes, Black Rebel Motorcycle Club, The Runaways- e destilar um veneninho contra o hip hop "branco" de Eminem. Sobre Jay-Z, disse que já encontrou o figurão do rap no camarim e, sem saber, tratou-o como um qualquer.
Ainda que a seleção musical seja de primeira, sorte a nossa que o "um dia inteiro de Courtney Love" chegou à MTV brasileira condensado em um programete de uma hora. Afinal de contas, ninguém merece ficar ouvindo a viúva de Cobain ficar desfilando as suas taras por esse ou aquele astro do rock, de Trent Reznor, do Nine Inch Nails, a Michael Stipe, do REM, com quem fala ao telefone e filosofa: "Que Stipe você prefere, o de hoje ou o de dez anos atrás?". Courtney-groupie.
Ponto alto: lá pelas tantas, Love recebe no estúdio o baladeiro indie Ryan Adams e o stroke Fabricio Moretti. Tempo para parar de falar bobagem e fazer um som, enquanto o baterista brasileiro capota no aconchegante edredom da MTV americana.
Por fim, Courtney-punk também dá as caras. Exibindo melhor forma desde que tomou um banho de loja para pisar nos tapetes vermelhos de Hollywood, a estrela por um dia botou mais de uma vez os peitos para fora para "chocar" a audiência e os fãs que faziam vigília às portas da emissora. Só Love. Nada de novo, enfim.