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GASTRONOMIA
Livros vão do didatismo ao mundo emergente do vinho
JORGE CARRARA
CRÍTICO DA FOLHA
Em meio ao crescente entusiasmo que tem multiplicado no
Brasil o número de cursos e eventos em torno do vinho, acabam de
ser lançados dois livros de autores
nacionais sobre o tema: "Vinhos,
o Essencial", de José Ivan Santos,
e "O Admirável Novo Mundo do
Vinho e as Regiões Emergentes",
de Aguinaldo Záckia Albert.
Engenheiro, José Ivan Santos
realizou estudos sobre vinho no
Wine & Spirits Education Trust
de Londres e dedicou parte da sua
vida à docência, trabalhando como professor de física do Objetivo
e do Anglo Vestibulares de São
Paulo. Didático e conciso para um
tema tão vasto, seu livro reflete
talvez a experiência do autor frente ao quadro-negro.
Santos convida o leitor a realizar
uma viagem pelos aspectos mais
importantes do vinho, descortinando em cada etapa os pontos
básicos a seu respeito. Nos primeiros capítulos, aparecem os diferentes tipos de uvas, a elaboração das diversas classes de vinhos
e os pequenos grandes segredos
da sua compra, serviço, conservação e degustação.
Há também conselhos úteis para quem se inicia na apreciação de
bons goles: "Comece com vinhos
mais simples. Um vinho de preço
médio pode não ser tão inferior a
outro muito caro".
Um giro pelos principais países
produtores, que inclui, entre outros, Argentina, Chile, Espanha,
Itália, Portugal e França (mas
omite, uma pena, os Estados Unidos, que, além de ter alguns vinhos extraordinários, é o quarto
produtor mundial da bebida), fecha a obra, que mostra uma seqüência de assuntos lógica, bem
ordenada, apropriada para quem
quer dar o seu primeiro mergulho
no mundo de Baco.
Já em "O Admirável Novo
Mundo do Vinho e as Regiões
Emergentes", Záckia Albert (enófilo, por duas vezes presidente da
Sociedade Brasileira dos Amigos
do Vinho de São Paulo) percorre
um caminho diferente. O livro foca nas mudanças ocorridas na indústria vitivinícola nas últimas
décadas, entre elas (e provavelmente a mais importante) o surgimento de produtores no Novo
Mundo, como Austrália ou Califórnia, áreas sem grande tradição
vinícola, mas que, pela qualidade
dos seus produtos, tomaram mercado de campeões históricos, como França e Itália.
A Europa tem as suas páginas,
dedicadas às Províncias vinícolas
em alta, sem visitas aos lugares
clássicos. No caso da França, por
exemplo, não aparecem Borgonha ou Bordeaux. O palco francês
é ocupado pelo Languedoc-Roussillon, uma área do sudeste, vizinha da costa do Mediterrâneo,
alagada de vinhos pobres até poucos anos atrás e que na atualidade
está em marcada ascensão.
Em Portugal, o destaque é a saga
do Alentejo, grande fonte lusitana
de vinhos modernos e deliciosos
(deveria, porém, estar também o
Douro com seus novos vinhos de
mesa, tremendos tintos, entre os
melhores da terrinha), e, na Itália,
a Puglia e a Sicília, antigos berços
de um mar de vinhos baratos, recentemente embarcadas na elaboração de belos exemplares.
Uma lista com os melhores produtores encerra o passeio por cada lugar, dando forma a um bom
roteiro para quem quer estar a par
dos últimos redutos vinícolas a
estrear no mapa dos vinhos finos
do planeta.
O Admirável Novo Mundo do Vinho e as Regiões Emergentes
Autor: Aguinaldo Záckia Albert
Editora: Senac São Paulo
Quanto: R$ 40
Vinhos, o Essencial
Autor: José Ivan Santos
Editora: Senac São Paulo
Quanto: R$ 40
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