São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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GASTRONOMIA

Livros vão do didatismo ao mundo emergente do vinho

JORGE CARRARA
CRÍTICO DA FOLHA

Em meio ao crescente entusiasmo que tem multiplicado no Brasil o número de cursos e eventos em torno do vinho, acabam de ser lançados dois livros de autores nacionais sobre o tema: "Vinhos, o Essencial", de José Ivan Santos, e "O Admirável Novo Mundo do Vinho e as Regiões Emergentes", de Aguinaldo Záckia Albert.
Engenheiro, José Ivan Santos realizou estudos sobre vinho no Wine & Spirits Education Trust de Londres e dedicou parte da sua vida à docência, trabalhando como professor de física do Objetivo e do Anglo Vestibulares de São Paulo. Didático e conciso para um tema tão vasto, seu livro reflete talvez a experiência do autor frente ao quadro-negro.
Santos convida o leitor a realizar uma viagem pelos aspectos mais importantes do vinho, descortinando em cada etapa os pontos básicos a seu respeito. Nos primeiros capítulos, aparecem os diferentes tipos de uvas, a elaboração das diversas classes de vinhos e os pequenos grandes segredos da sua compra, serviço, conservação e degustação.
Há também conselhos úteis para quem se inicia na apreciação de bons goles: "Comece com vinhos mais simples. Um vinho de preço médio pode não ser tão inferior a outro muito caro".
Um giro pelos principais países produtores, que inclui, entre outros, Argentina, Chile, Espanha, Itália, Portugal e França (mas omite, uma pena, os Estados Unidos, que, além de ter alguns vinhos extraordinários, é o quarto produtor mundial da bebida), fecha a obra, que mostra uma seqüência de assuntos lógica, bem ordenada, apropriada para quem quer dar o seu primeiro mergulho no mundo de Baco.
Já em "O Admirável Novo Mundo do Vinho e as Regiões Emergentes", Záckia Albert (enófilo, por duas vezes presidente da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho de São Paulo) percorre um caminho diferente. O livro foca nas mudanças ocorridas na indústria vitivinícola nas últimas décadas, entre elas (e provavelmente a mais importante) o surgimento de produtores no Novo Mundo, como Austrália ou Califórnia, áreas sem grande tradição vinícola, mas que, pela qualidade dos seus produtos, tomaram mercado de campeões históricos, como França e Itália.
A Europa tem as suas páginas, dedicadas às Províncias vinícolas em alta, sem visitas aos lugares clássicos. No caso da França, por exemplo, não aparecem Borgonha ou Bordeaux. O palco francês é ocupado pelo Languedoc-Roussillon, uma área do sudeste, vizinha da costa do Mediterrâneo, alagada de vinhos pobres até poucos anos atrás e que na atualidade está em marcada ascensão.
Em Portugal, o destaque é a saga do Alentejo, grande fonte lusitana de vinhos modernos e deliciosos (deveria, porém, estar também o Douro com seus novos vinhos de mesa, tremendos tintos, entre os melhores da terrinha), e, na Itália, a Puglia e a Sicília, antigos berços de um mar de vinhos baratos, recentemente embarcadas na elaboração de belos exemplares.
Uma lista com os melhores produtores encerra o passeio por cada lugar, dando forma a um bom roteiro para quem quer estar a par dos últimos redutos vinícolas a estrear no mapa dos vinhos finos do planeta.


O Admirável Novo Mundo do Vinho e as Regiões Emergentes
   
Autor: Aguinaldo Záckia Albert
Editora: Senac São Paulo
Quanto: R$ 40

Vinhos, o Essencial
   
Autor: José Ivan Santos
Editora: Senac São Paulo
Quanto: R$ 40



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