São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

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Editora lança biografia de Cássia Eller e, em novembro, livro-análise sobre Roberto Carlos

Por que a gente é assim?

Álbum de família
A cantora Cássia Eller, aos 27 anos, na época em que se mudou para o Rio de Janeiro


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Aparece em ritmo de thriller o livro "Apenas uma Garotinha - A História de Cássia Eller". Em seu primeiro capítulo, uma narrativa tensa deixa à vista os problemáticos últimos momentos da cantora, morta às 19h05 do dia 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos.
Não apenas após o fim trágico e precoce da carreira da carioca Cássia Rejane Eller, vítima de quatro paradas cardiorrespiratórias após sofrer fortes crises nervosa e depressiva mas também durante sua vida, a cantora era tida por fãs e imprensa como agressiva, de personalidade forte. É essa imagem que cai por terra com o trabalho dos jornalistas Eduardo Belo e Ana Cláudia Landi.
"Eu não conhecia a Cássia e também tinha uma visão de que ela era extrovertida, que gostava de cuspir no palco. Mas ela não era assim, era muito tímida", conta Belo, 40. "Ela tinha até dificuldades para se relacionar com outras pessoas. Quando subia no palco, se transformava."
"Apenas uma Garotinha" chega hoje às livrarias. No final do ano, outra obra sobre um nome da música brasileira, também pela editora Planeta, ganha o mercado: uma gigantesca análise da trajetória artística de Roberto Carlos feita pelo historiador Paulo César de Araújo, que escreveu o obrigatório "Eu Não Sou Cachorro, Não".
A vida de Cássia Eller foi exposta após sua morte. Havia usado drogas, mas passou por tratamento de desintoxicação. Sua companheira de mais de 14 anos, Maria Eugênia Martins, e o pai da cantora, Altair Eller, lutaram na Justiça pela guarda de Chicão, filho de Cássia que, na época de sua morte, tinha oito anos. Após acordo, o menino ficou com Eugênia.
Desde setembro de 2003, Eduardo Belo e Ana Cláudia Landi realizaram mais de 50 entrevistas -dez das fontes preferiram permanecer anônimas. Da família de Cássia, duas de suas irmãs -ela tinha ainda um irmão- e alguns integrantes da banda que a acompanhava não quiseram falar. "Tivemos uma longa negociação com Maria Eugênia e com o empresário da Cássia, Ronaldo Villas. A única restrição foi em relação à privacidade do Chicão", diz Belo. "Esta não é uma obra sensacionalista, apenas reveladora."
Nascida no Rio, Cássia Eller descobriu a homossexualidade com pouco mais de dez anos. Incomodada, a família mudou-se para Brasília. "Sua infância foi difícil, devido às mudanças de endereço, de doenças", conta o autor. "Ela era travessa, gostava de jogar futebol e andar de carrinho de rolimã. Com dois anos ganhou um rádio da mãe. A vida dela sempre girou em torno da música."
Ainda adolescente Cássia passou a se apresentar em bares de Brasília. Freqüentava rodas de atores e fez teste para participar de um musical de Oswaldo Montenegro, "Veja Você Brasília" -depois batizado como "Cristal". "Ali chegou à conclusão de que era isso que queria e passou a se apresentar profissionalmente."
Lançou o primeiro álbum, homônimo, em 1990. Vieram discos ao vivo, parcerias com Nando Reis e, em 2001, estrelou o ultradiluidor "Acústico MTV".
"A Cássia estava no auge. Não que tenha sido decisivo para sua morte, mas ela ficava incomodada com o sucesso, pois jamais se considerou merecedora desse assédio", afirma Belo. E o assédio continua.

Apenas uma Garotinha
Autor:
Eduardo Belo e Ana Cláudia Landi
Editora: Planeta
Quanto: R$ 35 (296 págs.)


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