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MÚSICA EM LIVRO
Obra do jornalista Paulo César de Araújo sai em novembro
Autor busca explicar a história de Roberto Carlos
DA REPORTAGEM LOCAL
Ídolo maior da música popular
brasileira, Roberto Carlos está,
aos poucos, sendo desvelado.
Em novembro -previsão da
editora Planeta e do autor- as livrarias recebem quase um tratado
sobre o Rei: uma imensa análise
da trajetória de vida do cantor,
realizada pelo historiador e jornalista Paulo César de Araújo.
A obra chegará praticamente
um ano depois de "Como Dois e
Dois São Cinco" (ed. Boitempo),
livro do jornalista Pedro Alexandre Sanches que disseca a discografia de Roberto e contextualiza
sua importância histórica dentro
da MPB -e, claro, do Brasil.
Enquanto "Como Dois e
Dois..." se apóia -e ganha charme- também nas interpretações
subjetivas do autor, o trabalho de
Paulo César de Araújo será calcado nas pesquisas e entrevistas que
fez nos últimos 15 anos.
"Não será uma biografia nem
uma grande reportagem, mas,
sim, uma ampla análise histórica
da trajetória de Roberto, baseada
em documentos e depoimentos",
antecipa Araújo, 43. O volume será, assim, semelhante a um outro
livro do autor, "Eu Não Sou Cachorro, Não", que reposicionou
na história da MPB artistas antes
tidos como "alienados" e "cafonas" nos anos 70, como Odair José e Waldick Soriano.
Nada mais natural, pois enquanto colhia dados para "Eu
Não Sou Cachorro, Não", o historiador já pesquisava o material
para a obra posterior. Agora, diz,
chegou o momento de dar a Roberto Carlos um reconhecimento
"retroativo". "Na verdade o livro
tenta explicar várias questões, como o surgimento do fenômeno
Roberto Carlos. E por que não teve o reconhecimento que deveria.
Ele é o maior fenômeno artístico
da história do Brasil. O livro tentará dar uma interpretação para isso", afirma Araújo.
"Agora ele já está entronizado
como um Rei da MPB, mas durante muito tempo o Roberto foi
tratado como uma coisa menor,
principalmente nos anos 70 e 80.
Claro que ele foi colocado de forma diferenciada em relação aos
bregas. Roberto Carlos não foi ignorado. Mas não teve um reconhecimento que fosse proporcional ao seu sucesso."
Foram entrevistadas mais de
150 pessoas -Araújo, ainda negocia com Roberto sua participação. Pesquisou em jornais, revistas, arquivos de rádio, de TV e colheu depoimentos inéditos e exclusivos, como de Carlos Imperial, Tim Maia, Evandro Ribeiro
(ex-diretor da gravadora CBS; todos esses já mortos), além de entrevistas recentes, com Caetano
Veloso, Nelson Motta, Zé Ramalho, entre outros. A obra será ilustrada por fotos inéditas do cantor.
"Nos EUA, existem mais de 400
livros sobre Bob Dylan, mais de
900 sobre Frank Sinatra. Enquanto isso, Roberto Carlos, no Brasil,
foi tema de pouquíssimas obras.
Pela sua importância, era para ter
muito mais coisa", diz.
Araújo ainda não tem um título
para o volume ("No outro livro,
curiosamente, o título foi a primeira coisa que tinha"), que terá
narrativa não-linear, envolvendo
todos os períodos da carreira do
cantor. "O Roberto mudou muito
como artista e pessoa. Por exemplo: ele compôs "Quero que Vá
Tudo para o Inferno", mas hoje
não canta mais essa canção. O livro mapeia essas fases."
(TN)
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