São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Na rede

O blog vai ao cinema

"Nome Próprio", filme baseado em livros e site de Clarah Averbuck, leva a internet ao cinema, com protagonista blogueira

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ali pela virada do século, a gaúcha Clarah Averbuck tornou-se uma das primeiras celebridades da internet brasileira.
Tinha seus 20 e poucos anos, escrevia em um e-zine cultuado (o extinto Cardosonline), estava de mudança para São Paulo (em 2001), começava a escrever um livro ("Máquina de Pinball") e a criar um blog (Brasileira!preta) popular.
Na mesma época, o cineasta Murilo Salles ("Como Nascem os Anjos") descobriu o blog e a escritora lendo sobre a fama deles em uma coluna de jornal. Comprou o livro e mandou um e-mail para a autora dizendo que queria adaptá-lo.
Sete anos depois -tempo suficiente para Averbuck publicar outro livro e escrever incontáveis posts, que acabaram se somando à adaptação para as telas-, o filme ficou pronto.
É "Nome Próprio", com estréia marcada para o próximo dia 18, dirigido por Salles e baseado nos livros "Máquina de Pinball" e "Vida de Gato" e no ex-blog de Clarah Averbuck (atualmente ela tem outro, adioslounge.blogspot.com).
Conta as aventuras e desventuras de uma jovem blogueira e aspirante a escritora, vivida por Leandra Leal (a atriz também tem blog, alicemepersegue.blogger.com.br).
"Está se formatando uma nova maneira de narrar. O filme é sobre narração, que é a questão que a internet traz, com as soluções incríveis que as pessoas estão adotando para se expressar, se individualizar", diz Salles.

"Não é minha biografia"
Para Averbuck, o efeito imediato do filme -que tem tido pré-estréias dirigidas aos internautas, com convites distribuídos pela rede- foi um aumento da confusão que o público faz entre autora e personagem.
"Isso é inevitável, já acontecia com o blog e piorou. O filme não é uma biografia precoce minha, nada daquilo aconteceu. Já no livro eu partia de fatos para criar ficção", afirma a escritora à Folha.
"Isso ficou uma confusão, as pessoas acham que é minha vida e, para piorar, a Leandra ficou muito parecida comigo."
Para esclarecer: Clarah Averbuck não é Camila, a protagonista de "Máquina de Pinball", de "Vida de Gato" e de "Nome Próprio". Os livros não são coletâneas de posts de seu blog (papel que cabe a "Das Coisas Esquecidas Atrás da Estante", de 2003, que não entrou no filme).
A julgar por Averbuck, nem a personagem do filme é sua -ela não participou do roteiro final, que é de Salles, Elena Soarez e Melanie Dimantas.
"Eu gosto do filme, mas acho que ele tirou muitos elementos importantes que estão nos meus livros. Ele escolheu fazer uma outra Camila. Um dos pilares da minha Camila é o sarcasmo, ela tira onda da própria desgraça, e a do filme só sofre, ficou um pouco chata."
Ela e o diretor falam sobre isso no blog do filme (nomepropriofilme.blogspot.com), o veículo que fecha o círculo entre a obra e a rede.
"Já que o filme é patrocinado com dinheiro público, queria que ele ganhasse sentido público na rede. Estamos falando de uma blogueira, então o filme tinha que ter um blog", conclui Salles.


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: MySpace lança primeiro longa gerado pelos usuários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.