São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2011

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Campos do Jordão prega diferenças

Em versão encolhida em relação a 2010, festival começa hoje e segue até o dia 24 sob o tema "Contrastes"

Quinteto Imani Winds participa de master class e toca repertório com compositores de Cuba, Brasil e Hungria

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na abertura do Festival de Inverno de Campos do Jordão, uma orquestra brasileira, a Osesp, toca um compositor alemão do século 19 sob a batuta de Pinchas Zukerman, violinista nascido em Israel e radicado no Canadá.
Depois, na primeira semana da programação, o quinteto de sopros Imani Winds, formado por negros norte-americanos, executa um repertório que inclui compositores de países como Cuba, Brasil, Rússia e Hungria.
Não por acaso, esta 42ª edição ocorre sob o tema "Contrastes". Encolhido com relação a 2010 -passou de 80 para 55 atrações-, o evento, que vai até 24/7, com performances em Campos e São Paulo, explora a diversidade estética, étnica e cultural.
Hoje, às 20h30, o Núcleo de Música Antiga Emesp faz a pré-estreia do festival, com um concerto gratuito dirigido pelo violinista Luis Otavio Santos na igreja São Luís Gonzaga, na avenida Paulista, em São Paulo.
Como de hábito, a abertura do evento é feita pela Osesp, amanhã, no Auditório Claudio Santoro, em Campos do Jordão.

AULAS E FÉ
Nascido em Tel-Aviv (Israel), educado nos EUA e residente no Canadá, o violinista e regente Zukerman, 62, comanda a orquestra em um programa completamente dedicado a Beethoven, que destaca a primeira sinfonia e o concerto para violino do compositor alemão.
Ele dá master classes no festival e se apresenta, no dia 9, com os Zukerman Chamber Players, grupo de cinco integrantes, dentre os quais, sua mulher, a violoncelista canadense Amanda Forsyth.
"Gosto dessa mistura entre concertos e aulas e já fiz isso no mundo inteiro", conta Zukerman. "Em Campos do Jordão, os estudantes estão sendo preparados por Daniel Guedes, que foi meu aluno."
Os integrantes do Imani Winds também dão aulas no festival, além de se apresentarem no próximo dia 6, em Campos do Jordão, e no dia 8, no Masp, em São Paulo.
Criado em 1997, o grupo adotou como nome uma palavra suaíli que quer dizer fé e gosta de explorar mundos sonoros novos e distintos, realizando constantes encomendas de obras.

NOVA YORK-SÃO PAULO
"Não há muitos negros e hispânicos tocando nossos instrumentos profissionalmente no mundo norte-americano da música clássica", diz Jeff Cohen, trompista negro nascido em Nova York.
"Acho que, do ponto de vista étnico, esse é o nosso papel mais importante", explica ele, que arranha o português por ter uma namorada de São José do Rio Preto (interior de São Paulo).
No Brasil, o quinteto investe em um repertório que inclui Heitor Villa-Lobos, Astor Piazzolla, Paquito D'Rivera e uma transcrição da "Sagração da Primavera", de Igor Stravinsky.
"Estamos em um mundo em que tudo está a um clique de você e queremos trazer obras de diversas origens", explica Cohen.


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