São Paulo, Quinta-feira, 01 de Julho de 1999
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Cinemateca mostra a infância em película

PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

O universo infantil pode ser visto em 26 filmes, de hoje a 1º de agosto, que serão exibidos na Sala Cinemateca, na mostra "O Garoto Selvagem & Cia".
O título salienta a reestréia de "O Garoto Selvagem", de François Truffaut, e a penca de filmes que -não se esqueça- nada dizem às crianças, mas sim sobre elas.
Há outros dois Truffauts: "Na Idade da Inocência" (76) e "O Pivete", um curta de 58 feito quase à época de outro filme do cineasta, "Os Incompreendidos" -título cuja falta é a mais sentida no abrangente ciclo da Cinemateca.
Não é só François Truffaut que tem filmes na mostra. Louis Malle tematiza o incesto em "O Sopro no Coração" (71), que foi impedido de ser exibido aqui, na época do regime militar. Se bem que a ausência de "Adeus Meninos", do mesmo Malle, seja algo imperdoável.
"A Sombra da Dúvida" (93), da também francesa Aline Issermann, trata do mesmo assunto, só que mais analiticamente.
Para quem perdeu alguns iranianos, "O Balão Branco", de Jafar Panahi, "Filhos do Paraíso", de Majid Majidi, e "O Silêncio", de Mohsen Makhmalbaf, suprem o déficit.
Até Todd Solondz está agendado. O seu "Bem-Vindo à Casa de Bonecas" (95), que fala sobre uma menina de 11 anos em crise, é de total interesse, principalmente para quem já assistiu a seu "Felicidade".
O cinema britânico está representado por Terence Davies. "Memórias" (95) é uma obra quase autobiográfica que traz Geena Rowlands, grande referência ao protagonista que narra suas lembranças de infância. Em "O Fim de um Longo Dia" (92), Davies também remete a suas experiências, mas de forma mais sutil.
Outra ausência imperdoável na mostra é "Fanny e Alexander", do sueco Ingmar Bergman. A Cinemateca, contudo, mostra "Crianças de Domingo" (92), de Daniel Bergman, filho do cineasta.
O ciclo abraça vários continentes. A Austrália está em "Alma Silenciosa" (96), de Rolf de Heer. A República Tcheca, no oscarizado "Kolya" (96) e em "Lições de Infância" (96), de Jan Sverák.
A infância, no cinema brasileiro exibido pela Cinemateca, é mais dura, mas não menos bela.
"Pixote - A Lei do Mais Fraco" (80), de Hector Babenco, faz companhia a "Sinfonia Amazônica" (53), de Anélio Latini Filho, o primeiro longa de animação feito em solo pátrio.
A programação ainda tem títulos como o canadense "Lèolo" (92), de Jean-Claude Lauzon, "Minha Vidaem Cor-de-Rosa" (97), do belga Alain Berliner, "Entre o Inferno e o Profundo Mar Azul" (95), produção belga de Marion Hänsel, e "A Cidade das Crianças Proibidas" (95), dos publicitários franceses Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro.


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