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Cinemateca mostra a infância em película
PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha
O universo infantil pode ser visto
em 26 filmes, de hoje a 1º de agosto,
que serão exibidos na Sala Cinemateca, na mostra "O Garoto Selvagem & Cia".
O título salienta a reestréia de "O
Garoto Selvagem", de François
Truffaut, e a penca de filmes que
-não se esqueça- nada dizem às
crianças, mas sim sobre elas.
Há outros dois Truffauts: "Na
Idade da Inocência" (76) e "O Pivete", um curta de 58 feito quase à
época de outro filme do cineasta,
"Os Incompreendidos" -título
cuja falta é a mais sentida no
abrangente ciclo da Cinemateca.
Não é só François Truffaut que
tem filmes na mostra. Louis Malle
tematiza o incesto em "O Sopro no
Coração" (71), que foi impedido de
ser exibido aqui, na época do regime militar. Se bem que a ausência
de "Adeus Meninos", do mesmo
Malle, seja algo imperdoável.
"A Sombra da Dúvida" (93), da
também francesa Aline Issermann, trata do mesmo assunto, só
que mais analiticamente.
Para quem perdeu alguns iranianos, "O Balão Branco", de Jafar Panahi, "Filhos do Paraíso", de Majid
Majidi, e "O Silêncio", de Mohsen
Makhmalbaf, suprem o déficit.
Até Todd Solondz está agendado. O seu "Bem-Vindo à Casa de
Bonecas" (95), que fala sobre uma
menina de 11 anos em crise, é de total interesse, principalmente para
quem já assistiu a seu "Felicidade".
O cinema britânico está representado por Terence Davies. "Memórias" (95) é uma obra quase autobiográfica que traz Geena Rowlands, grande referência ao protagonista que narra suas lembranças de infância. Em "O Fim de um
Longo Dia" (92), Davies também
remete a suas experiências, mas de
forma mais sutil.
Outra ausência imperdoável na
mostra é "Fanny e Alexander", do
sueco Ingmar Bergman. A Cinemateca, contudo, mostra "Crianças de Domingo" (92), de Daniel
Bergman, filho do cineasta.
O ciclo abraça vários continentes. A Austrália está em "Alma Silenciosa" (96), de Rolf de Heer. A
República Tcheca, no oscarizado
"Kolya" (96) e em "Lições de Infância" (96), de Jan Sverák.
A infância, no cinema brasileiro
exibido pela Cinemateca, é mais
dura, mas não menos bela.
"Pixote - A Lei do Mais Fraco"
(80), de Hector Babenco, faz companhia a "Sinfonia Amazônica"
(53), de Anélio Latini Filho, o primeiro longa de animação feito em
solo pátrio.
A programação ainda tem títulos
como o canadense "Lèolo" (92), de
Jean-Claude Lauzon, "Minha Vidaem Cor-de-Rosa" (97), do belga
Alain Berliner, "Entre o Inferno e o
Profundo Mar Azul" (95), produção belga de Marion Hänsel, e "A
Cidade das Crianças Proibidas"
(95), dos publicitários franceses
Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro.
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