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RELÂMPAGOS
A captura
JOÃO GILBERTO NOLL
A umidade do calçamento, impregnada da iluminação, parece a epiderme de
um filme em que o herói caminha pensando que talvez
um pouco mais à frente,
quem sabe ao dobrar aquela
esquina... A rua impulsiona
esse homem mergulhado
num déficit sem conta. Então ele tropeça e vê seu semblante enluarado na poça:
ah!, é a dele a face do inimigo, é ele e não um outro refletindo-se na água suja de
uma chuva ignorada, pois
não lembra direito como foi
o tempo hoje, lembra apenas que vinha fugindo da
imagem agora a tremular na
superfície líquida da noite,
vinha fugindo até tropeçar
enfim e ali mesmo enlaçar a
sua captura.
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