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CONCRETISMO
Noigandres e Waldemar Cordeiro encerram ciclo comemorativo dos 50 anos do movimento no Ceuma
Poesia e arte pré-pop se encontram em SP
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Arte concreta paulista, 50. No
bojo do movimento que, a partir
de 1952, captou a essência geométrica de São Paulo e expandiu os
limites da obra de arte pela reprodutibilidade, a poesia concreta.
É a vez de a voz do Grupo Noigandres ocupar o Centro Universitária Maria Antonia, com a exposição que leva seu nome e se
abre hoje, dando seguimento ao
evento "Arte Concreta Paulista".
Para além da comemoração da
efeméride, porém, os curadores
buscaram um enfoque reflexivo
para abordar a produção poética
do grupo -inicialmente formado pela "trindade" Augusto de
Campos, Haroldo de Campos e
Décio Pignatari, aos quais se somariam Ronaldo Azeredo e José
Lino Grünewald (1931-2000).
Para tanto, João Bandeira e Lenora de Barros recuperaram o
"antes e depois" do marco -o
primeiro número da revista "Noigandres", publicado em 1952.
O "antes" começa em 1948,
quando o trio inicial apenas se
aventurava em primeiras publicações; o "depois" vai até 1962, data
da última "Noigandres".
Dessa forma, desenha-se a trajetória de formação e amadurecimento dessa poesia, que na primeira edição da revista, dizem os
curadores, não representava ainda a ruptura do padrão vigente.
"O plano piloto da poesia concreta só se manifestaria em 1958",
lembra Lenora de Barros, 48
-ainda que, frisa João Bandeira,
41, os poemas de "Noigandres 1"
"já fossem muito especiais e relevantes para a poesia feita em verso na língua portuguesa".
Em cinco vitrines, documentos,
fotos e anotações dão conta do
ambiente que cercou cada número de "Noigandres". Assim, na vitrine de "Noigandres 1", estão os
primeiros livros dos poetas, enquanto na de número 5 aparece a
revista que a sucederia, "Invenção". Fora delas, cartazes, fotografias e textos jornalísticos (de
membros do grupo e sobre eles)
registram a relação dos poetas
com o meio artístico efervescente
de então e dão uma idéia do impacto causado, nesse mesmo
meio, pelo trabalho do grupo.
Entre os textos expostos, está o
artigo em que Augusto de Campos pela primeira vez dá o nome
de poesia concreta à produção do
grupo, em 1955.
Como queria o movimento
concretista de modo geral, a difusão em massa da obra de arte pela
reprodução se faz presente na
mostra: espalhados em pilhas,
cartazes de poemas ficam de brinde para os visitantes.
Sonoridade concreta
Se, ao falar de poesia concreta, o
aspecto visual é o que vem à mente em primeiro lugar, não menos
importante é outro, menos lembrado: a sonoridade. Lenora de
Barros ressalta como "fundamental" a influência da música erudita
contemporânea para essa poética.
Por isso, a mostra traz também
registro sonoro de poemas, na voz
dos autores. "O áudio, aqui, não é
penduricalho", diz Bandeira; "estruturalmente tem a ver", soma
Lenora, lembrando que a poesia
concreta, no dizer dos seus criadores, é "verbovocovisual".
Algumas leituras (quase todas
inéditas), foram feitas para a mostra; outras provêm de gravações
caseiras encontradas na pesquisa.
Os 24 registros, com outros 46,
compõem CD que acompanha o
catálogo da mostra, a ser lançado
neste mês, pela Cosac & Naify.
GRUPO NOIGANDRES - mostra de
poesia concreta. Curadoria: Lenora de
Barros e João Bandeira. Onde: Centro
Universitário Maria Antonia (r. Maria
Antonia, 294, tel. 0/xx/11/3255-5538).
Quando: hoje, às 20h. Até 8/9. De seg. a
sex., das 12h às 21h; sáb., dom. e fer., das
9h às 21h. Agendamento de visitas
escolares: 0/xx/11/3257-2760. Grátis.
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