GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

Diretores de "Tom & Jerry" desde 1939, Bill Hanna e Joseph Barbera já eram veteranos da animação quando resolveram abrir o estúdio Hanna-Barbera, em 1957. Três anos depois, em 1960, eles tiveram o primeiro grande sucesso de público com "Os Flintstones".
A série de TV que apresentava uma visão cáustica do "american way of life" e que foi uma das mais duradouras da dupla de animadores acaba de ter a sua primeira temporada completa lançada no Brasil em edição luxuosa de quatro DVDs.
Outra grande criação do mesmo estúdio, "Scooby-Doo Cadê Você!", que foi ao ar nos Estados Unidos pela primeira vez em 1969, também ganha uma caixa nacional de quatro DVDs, reunindo episódios das duas primeiras temporadas e extras.
Econômicos nas animações -sem poder gastar muito, Hanna e Barbera ficaram conhecidos por usar a técnica de animar apenas as partes do corpo que necessitavam de movimento-, os dois eram perdulários na criatividade, e os roteiros de seus desenhos conseguiram sustentar os dois programas no ar por décadas.
As caixas têm apelo tanto para as crianças dos anos 70 e 80, que cresceram assistindo aos personagens, quanto para as dos dias de hoje, que ainda podem ver os desenhos nas programações das TVs aberta e fechada.
As duas séries têm enfoques bastante diferentes, mas ambas ganham papel de destaque por terem sido feitas na medida para os filhos da geração "flower power", uma vez que substituem a tradicional violência dos desenhos animados por histórias inteligentes.
A veia crítica de "Os Flintstones" -que retrata com humor duas famílias de classe média da idade da pedra e seus problemas, como a falta de perspectiva no emprego e a sedução do consumo- é tão certeira que serve de combustível para as melhores séries animadas de hoje, de "Os Simpsons" a "South Park".
Já as aventuras do dogue alemão Scooby-Doo e sua turma são sensacionais por dosarem humor e medo para lidar com o imaginário infantil dos monstros. O toque de gênio é que o desenho apresenta sempre uma perspectiva cética.
E não há criança que não fique fascinada pela ameaça dos fantasmas e dos seres mitológicos e que, depois, não se sinta aliviada quando fica provado que a assombração não passa de um golpe de malfeitores bem humanos.
Diversão garantida.