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Dicionário mapeia músicos brasileiros
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Tem Nelson Freire, Eleazar de
Carvalho, Villa-Lobos, Carlos Gomes e Egberto Gismonti: a Editora
Forense Universitária está lançando o "Dicionário Biográfico de
Música Erudita Brasileira", de Olga G. Cacciatore.
A empreitada é ambiciosa. A
obra pretende reunir os mais importantes compositores, instrumentistas e regentes brasileiros,
desde o período colonial até hoje.
Devido à magnitude da empreitada, musicólogos e cantores ficaram de fora, a menos que façam
ou tenham feito parte da Academia Brasileira de Música. No entanto, todos os membros da
ABM, no passado ou no presente,
estão representados, o que garante que haja um verbete para a cantora brasileira mais conhecida de
todos os tempos, Bidu Sayão.
Nascida na cidade gaúcha de
Itaqui, em 1920, a autora do dicionário, Olga G. Cacciatore, não é
musicóloga, nem musicista profissional. "Sempre gostei de música e aprendi violão de maneira rudimentar, para me acompanhar.
Escrevi umas 30 canções despretensiosas. Três estão registradas
na ABM e uma, chamada "Canção
da Vida", chegou a ser inscrita em
um daqueles festivais de música
popular dos anos 60."
Profissionalmente, Cacciatore
atuou como professora e museóloga. Suas pesquisas a levaram a
um "Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros", também editado pela
Forense, com 2.000 verbetes.
Mas o livro sobre música começou por um motivo mais singelo:
aos 79 anos de idade, a autora percebeu que a memória começava a
falhar. Preocupada em se esquecer dos compositores e intérpretes que gostava de escutar, ela começou com uma listagem, que logo chegou aos 200 nomes.
A organização sistemática dos
itens logo levou à idéia de um dicionário. "Primeiro, eu pensei em
um geral, de música, da Idade
Média até hoje. Depois, cheguei à
conclusão de que este seria muito
longo. E preferi me concentrar
nos brasileiros, que a gente conhece tão pouco, e merecem uma
divulgação maior."
Na bibliografia, o item mais
consultado foi a "Enciclopédia da
Música Brasileira" (Art Editora/
Publifolha, 1998). Cacciatore recorreu ainda a recortes de jornais,
e instituições como a ABM, o Museu Villa-Lobos e a Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
"Dos contemporâneos, não tinha quase nada nos dicionários",
afirma. "Fui atrás dos telefones
deles e pedi currículos. Isso deu
trabalho, porque não é todo mundo que sabe fazer currículo."
Essa dificuldade explica a ausência de alguns compositores
importantes na obra, como
Eduardo Guimarães Álvares, Flo
Meneses, Silvio Ferraz, Edson
Zampronha e André Mehmari,
entre outros.
"Eu não consegui o endereço e
telefone de todos. Chegaram 120
currículos, mas alguns não mandaram o material. Mas continuo
pesquisando e atualizando os dados e pretendo corrigir as omissões em uma eventual segunda
edição", promete a autora.
Cacciatore começou o trabalho
em 1999 e empreendeu toda a tarefa sozinha. Ao todo, foram mais
de mil fichas manuscritas, entregues à editora para digitação. O
material sofreu quatro revisões e
ainda uma última atualização, no
final de 2004.
Os verbetes tentam sintetizar as
principais informações a respeito
de cada artista, como data e local
de nascimento, educação musical,
prêmios e gravações.
Há uma seleção de obras de cada compositor, buscando abrangência sem pretensões de totalidade, e uma seção final, listando
os principais teatros, orquestras,
estabelecimentos de ensino, festivais e entidades representativas
da música no Brasil. O recorte privilegia o Rio, onde a autora reside,
mas busca contemplar os outros
Estados da federação.
Animada, Cacciatore anuncia
uma nova empreitada: um dicionário de termos musicais, para o
qual já coletou material suficiente
para 600 fichas. "Mas este não sei
se vou ter tempo para terminar, já
estou com 85 anos."
(IFP)
Dicionário Biográfico de Música
Erudita Brasileira
Autora: Olga G. Cacciatore
Editora: Forense Universitária
Quanto: R$ 75 (564 págs.)
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