São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2005

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Dicionário mapeia músicos brasileiros

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tem Nelson Freire, Eleazar de Carvalho, Villa-Lobos, Carlos Gomes e Egberto Gismonti: a Editora Forense Universitária está lançando o "Dicionário Biográfico de Música Erudita Brasileira", de Olga G. Cacciatore.
A empreitada é ambiciosa. A obra pretende reunir os mais importantes compositores, instrumentistas e regentes brasileiros, desde o período colonial até hoje. Devido à magnitude da empreitada, musicólogos e cantores ficaram de fora, a menos que façam ou tenham feito parte da Academia Brasileira de Música. No entanto, todos os membros da ABM, no passado ou no presente, estão representados, o que garante que haja um verbete para a cantora brasileira mais conhecida de todos os tempos, Bidu Sayão.
Nascida na cidade gaúcha de Itaqui, em 1920, a autora do dicionário, Olga G. Cacciatore, não é musicóloga, nem musicista profissional. "Sempre gostei de música e aprendi violão de maneira rudimentar, para me acompanhar. Escrevi umas 30 canções despretensiosas. Três estão registradas na ABM e uma, chamada "Canção da Vida", chegou a ser inscrita em um daqueles festivais de música popular dos anos 60."
Profissionalmente, Cacciatore atuou como professora e museóloga. Suas pesquisas a levaram a um "Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros", também editado pela Forense, com 2.000 verbetes.
Mas o livro sobre música começou por um motivo mais singelo: aos 79 anos de idade, a autora percebeu que a memória começava a falhar. Preocupada em se esquecer dos compositores e intérpretes que gostava de escutar, ela começou com uma listagem, que logo chegou aos 200 nomes.
A organização sistemática dos itens logo levou à idéia de um dicionário. "Primeiro, eu pensei em um geral, de música, da Idade Média até hoje. Depois, cheguei à conclusão de que este seria muito longo. E preferi me concentrar nos brasileiros, que a gente conhece tão pouco, e merecem uma divulgação maior."
Na bibliografia, o item mais consultado foi a "Enciclopédia da Música Brasileira" (Art Editora/ Publifolha, 1998). Cacciatore recorreu ainda a recortes de jornais, e instituições como a ABM, o Museu Villa-Lobos e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"Dos contemporâneos, não tinha quase nada nos dicionários", afirma. "Fui atrás dos telefones deles e pedi currículos. Isso deu trabalho, porque não é todo mundo que sabe fazer currículo."
Essa dificuldade explica a ausência de alguns compositores importantes na obra, como Eduardo Guimarães Álvares, Flo Meneses, Silvio Ferraz, Edson Zampronha e André Mehmari, entre outros.
"Eu não consegui o endereço e telefone de todos. Chegaram 120 currículos, mas alguns não mandaram o material. Mas continuo pesquisando e atualizando os dados e pretendo corrigir as omissões em uma eventual segunda edição", promete a autora.
Cacciatore começou o trabalho em 1999 e empreendeu toda a tarefa sozinha. Ao todo, foram mais de mil fichas manuscritas, entregues à editora para digitação. O material sofreu quatro revisões e ainda uma última atualização, no final de 2004.
Os verbetes tentam sintetizar as principais informações a respeito de cada artista, como data e local de nascimento, educação musical, prêmios e gravações.
Há uma seleção de obras de cada compositor, buscando abrangência sem pretensões de totalidade, e uma seção final, listando os principais teatros, orquestras, estabelecimentos de ensino, festivais e entidades representativas da música no Brasil. O recorte privilegia o Rio, onde a autora reside, mas busca contemplar os outros Estados da federação.
Animada, Cacciatore anuncia uma nova empreitada: um dicionário de termos musicais, para o qual já coletou material suficiente para 600 fichas. "Mas este não sei se vou ter tempo para terminar, já estou com 85 anos." (IFP)


Dicionário Biográfico de Música Erudita Brasileira
Autora: Olga G. Cacciatore
Editora: Forense Universitária
Quanto: R$ 75 (564 págs.)



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