São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Feito no Carnaval baiano, "Da Lama Lâmina" terá 18 projeções

Matthew Barney estréia filme em SP e ofusca Bienal

Chris Winget/2004 Matthew Barney
Still de "Da Lama Lâmina", trabalho de Matthew Barney que será exibido na Pinacoteca do Estado


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é na 26ª Bienal de São Paulo, quem diria, que vai estar presente a referência mais importante da arte contemporânea na cidade. Matthew Barney, o "enfant terrible" das artes visuais, promove a estréia mundial, no próximo dia 23, de sua nova produção, "Da Lama Lâmina", na Pinacoteca do Estado. A première foi acertada na última semana.
Bem que Alfons Hug, responsável pela Bienal, tentou, mas o projeto "se inviabilizou por razões estritamente técnicas e não financeiras", segundo o curador. As razões técnicas foram as dificuldades em instalar o trator de mais de quatro toneladas -que Barney usou no Carnaval baiano e que é o centro do novo trabalho-no prédio da Bienal. Entretanto, o trator não será exposto na Pinacoteca, e ele está em negociação para ser adquirido por um colecionador brasileiro.
"Matthew Barney fez questão de lançar seu novo filme no Brasil. Ele expandiu a visualidade nas artes plásticas ao se utilizar da narrativa do cinema para construir suas esculturas e ao tratar da sexualidade", conta Ivo Mesquita, curador encarregado de projetos contemporâneos na Pinacoteca.
"Da Lama Lâmina", com aproximadamente uma hora, terá cerca de 18 projeções no auditório da Pinacoteca, a partir do dia 23, onde também será exibido o ciclo completo, com cinco filmes, do "Cremaster" (1994-2002), a série que já circulou pelos museus mais importantes do mundo e tornou Barney presença obrigatória em mostras internacionais, como a a Bienal de Veneza de 2003. A programação completa, segundo Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca, está em fase de finalização.
Das mais de 50 Bienais espalhadas pelo mundo, a da capital paulista é a única que ocorre em uma grande cidade, o que faz com que a quantidade de eventos paralelos à mostra torne a vida do amante das artes plásticas uma verdadeira maratona. Além do lançamento de "Da Lama Lâmina", há mais de 30 eventos paralelos em torno da Bienal.
No mesmo dia do lançamento do filme de Barney, por exemplo, será aberta a mostra de caráter histórico "Sonhando de Olhos Abertos", com 274 obras surrealistas e dadaístas, entre elas 24 peças de Marcel Duchamp (1887-1968), como "Roda de Bicicleta", no Instituto Tomie Ohtake.
Outro destaque é "Fashion/Passion", que a BrasilConnects inaugura na Oca, no dia 14. A mostra apresenta a história da moda no século 20, mas também trata de arte. "Apresentamos a moda por períodos, a partir de estilistas estrangeiros, e a arte e a cultura brasileiras são a resposta que apresentamos em cada uma dessas fases", conta Emilio Kalil, presidente da BrasilConnects.
O MIS, com o Instituto Goethe, promove, de 22 a 26/9, "ArteCinemaArte", com 15 filmes de artistas, entre eles o inglês Isaac Julien (com "Baltimore", exibido na última Bienal de Berlim), a italiana Vanessa Beecroft e a americana Sharon Lockhart.
As galerias paulistas também promovem uma intensa programação. "Bem-Vindos" é o nome de uma série de eventos que a galeria Vermelho organiza a partir do dia 15, com performances, debates e espetáculos.
Mas é no dia 24 que a programação de fato esquenta. De comum acordo, todas as galerias da cidade promovem aberturas a partir das 17h, como a nova galeria Millan Antonio, que apresenta uma performance de Tunga, e a galeria Luisa Strina, que comemora 30 anos de vida.
Já no dia 26, nove galerias da cidade promovem a exposição "Paralela 2004", num galpão da Vila Olímpia, com organização de Moacir do Anjos, diretor do Museu de Arte Moderna do Recife. A Bienal de São Paulo pode até descontentar os vários curadores internacionais que já confirmaram presença, como Nicholas Serota, diretor da Tate, de Londres, ou a espanhola Rosa Martínez, curadora da próxima Bienal de Veneza, mas arte contemporânea é o que não vai faltar na cidade.


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