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ENTREVISTA
Glória Perez ri de seus próprios "absurdos"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
É a própria Glória Perez quem
conta a cena e ri: em "Carmem"
(Manchete, 1987/88), de sua autoria, um casal briga; a mulher saca
um revólver e dispara seis vezes
contra o marido; acaba o capítulo;
no episódio seguinte, o telespectador fica sabendo que a moça
"conseguiu", a menos de um metro do rapaz, errar todos os tiros.
Autora de "América", Perez
afirma no "Por Trás da Fama"
(exibido no canal Multishow) que
esse é um dos maiores "absurdos"
que já escreveu. Mas são muitos
outros, admite ela, com dificuldade para eleger o grande "despudor" de sua obra. "É tudo tão despudorado", diverte-se.
Está aí um resumo da escritora:
não tem limites para chamar a
atenção do telespectador e não se
envergonha disso. Ao contrário,
sente orgulho desse "abuso", herdado de Janete Clair (1925-1983).
Sua estréia na televisão foi como
colaboradora da veterana autora
da Globo. Perez conseguiu enviar
um texto a Clair, que estava com
câncer e a chamou para ajudá-la a
escrever "Eu Prometo" (1982/83).
"Ela me disse: "Vou te ensinar tudo porque não sei se vou chegar
ao fim dessa novela, mas quero
que essa novela chegue ao fim"."
Clair acertou a sua previsão.
Na entrevista ao Multishow,
Glória Perez fala também de como a infância no Acre, terra de
lendas e aventuras, a ajuda na carreira: "Minha cabeça é "amazônica". Tenho tantas idéias que às vezes preciso baixar a bola".
Sobre a morte da filha, volta a
falar em "injustiça" e diz ter uma
"sensação terrível" com o fato de
os assassinos estarem soltos. Conta que decidiu continuar a escrever "De Corpo e Alma" (Globo,
1992/93), na qual atuavam Daniella e seu assassino, Guilherme de
Pádua, "para não enlouquecer".
"Se não continuasse naquele momento, nunca mais iria escrever."
Revela ser capaz de "descrever
cada minuto" do último dia que
passou com a filha. "O tempo passa, mas esse tempo não passa."
Por Trás da Fama
Quando: amanhã, às 14h; domingo, dia
4, às 8h e às 17h; no Multishow
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