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Bienal do Mercosul tem artistas de 23 países
Exposição, que começa hoje em Porto Alegre, inclui obras do Líbano e do Japão
Segundo o curador-geral, a mostra, que expõe obras de 67 artistas em três espaços da cidade, é "pensada a partir do Mercosul"
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
A 6ª Bienal do Mercosul, com
abertura hoje, em Porto Alegre,
começa subvertendo duplamente seu próprio nome: é menos bienal e menos Mercosul
que qualquer outra edição.
Com 67 artistas de 23 países,
incluindo Japão, EUA, Líbano e
Suíça, para citar quatro bem
distantes da região-sede, a
mostra é "pensada a partir do
Mercosul", segundo o curador-geral, Gabriel Perez-Barreiro.
Com isso, o que até recentemente era uma vitrine de artistas da América do Sul se tornou
uma exposição de caráter internacional mais amplo.
Apesar de sua parte central
se espalhar por cinco imensos
galpões no porto, a mostra alcançou um nível de produção
sofisticado, com salas que mais
parecem as de um museu.
"Nem parece Bienal", avalia outro curador da exposição, o brasileiro Moacir dos Anjos.
"Aqui buscamos trabalhar
mais o respeito à obra de arte,
para possibilitar uma relação
mais íntima entre o espectador
e a obra", afirma Perez-Barreiro. Ao contrário do que ocorreu
em grandes mostras recentes,
como a Documenta de Kassel e
a Bienal de São Paulo, não há,
no Mercosul, uma relação física
entre as obras. "Esse diálogo
deve ser feito na cabeça de cada
um", defende o curador-geral.
Módulos
Exceção à regra é o módulo
Conversas, um dos três da exposição central, constituído
por nove grupos de pequenas
salas, cada uma com quatro artistas, selecionados por um
princípio ousado: um artista escolhido pelo curador indica
dois artistas, e o curador aponta o quarto.
Um dos mais surpreendentes
grupos desse módulo é o que teve o brasileiro Waltercio Caldas na origem. Ele selecionou
obras de Milton Dacosta e música de Steve Reich, e Perez-Barreiro acrescentou uma obra
de Jesus Rafael Soto. O conjunto é dos mais vibrantes de toda
a exposição.
Já no módulo Zona Franca,
graças à montagem institucionalizante, cada obra pode ser
observada sem dispersão, e se
destacam a nova instalação de
Rivane Neuenschwander, chamada "Continente-Nuvem", o
vídeo de Francys Als, "Quando
a Fé Remove Montanhas", no
qual centenas de peruanos são
convocados para mudar uma
montanha de local apenas com
pás, e "Marulho", de Cildo Meireles, visto na Estação Pinacoteca de São Paulo.
O terceiro módulo, ainda localizado nos armazéns do Cais
do Porto, é Três Fronteiras, que
contou com quatro artistas que
fizeram residência na região da
tríplice fronteira. O módulo é o
que traz novos trabalhos para a
exposição.
A Bienal do Mercosul apresenta ainda três mostras monográficas: do argentino Jorge
Macchi, do uruguaio Francisco
Matto (1911 - 1995) e do paulista Öyvind Fahlström (1928
-1976), que viveu em Nova
York. A perspectiva de visão da
carreira de cada um deles reforça o caráter institucional da
mostra, propiciando um novo
tempo de reflexão para as bienais.
O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite
da Fundação Bienal do Mercosul
6ª BIENAL DO MERCOSUL
Quando: abertura hoje, às 10h; todos
os dias, das 9h às 21h. Até 18/11
Onde: Museu de Artes do RGS (praça
da Alfândega, s/nº), Santander Cultural (r. 7 de setembro, 1.028), Armazéns
do Cais do Porto (Av. Mauá, 1.050), Porto Alegre
Quanto: entrada franca
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