São Paulo, Quarta-feira, 01 de Setembro de 1999
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CINEMA
Documentário relata a participação do esquadrão aéreo Senta a Pua em combates na Itália
Filme mostra Brasil na Segunda Guerra

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

O cineasta brasiliense Érik de Castro lança hoje o documentário "Senta a Pua", sobre os 49 aviadores brasileiros que lutaram na Itália durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). O evento, para convidados, acontece às 19h no Teatro do Sesi, no Rio de Janeiro.
Filmado em 16 mm, com duas horas e meia de duração e produção da BSB Cinema, o documentário conta a história do grupo de caça Senta a Pua, da Força Aérea Brasileira.
Cronologicamente, narra a formação do esquadrão, em dezembro de 1943; os oito meses de treinamento feito pelo grupo nos EUA e no Panamá, em 1944; e as missões realizadas entre outubro de 1944 e maio de 1945, quando terminou a guerra.
Dos 49 pilotos do Senta a Pua, 13 ainda estão vivos, mas apenas 11 lúcidos o suficiente para dar seus depoimentos. "Filmei 25 horas de entrevistas, que juntei com fotos e cenas de arquivo", afirma Castro, que levou dois anos para realizar o documentário.
A idéia de fazer o filme surgiu com a leitura do livro do brigadeiro Rui Moreira Lima, também chamado "Senta a Pua". O nome do grupo é uma expressão nordestina que significa algo como "descer porrada" ou "lascar o pau".
O sucesso das missões do Senta a Pua, entretanto, levou o intelectual e jornalista Austregésilo de Athayde a encontrar nova definição para o termo: "Lançar-se sobre o inimigo com decisão, golpe de vista e vontade de aniquilá-lo".
A empolgação de Athayde se justifica, por exemplo, com o episódio da tomada do Monte Castello. A Força Expedicionária Brasileira havia feito diversos ataques ao monte, mas era sempre rechaçada -sofrendo ainda pesadas baixas.
Em fevereiro de 45, entretanto, com o apoio aéreo do Senta a Pua, o monte foi conquistado.
No filme de Castro, um dos pilotos narra, de forma emocionada, a cena histórica que assistiu lá do alto, enquanto pilotava seu avião: os pracinhas brasileiros escalando o monte.
Segundo Castro, a maioria dos 49 pilotos que participaram da guerra tinha entre 18 e 28 anos. O mais velho era o comandante, coronel Nero Moura, com 33 anos na época.
Moura morreu em 94, mas o cineasta conseguiu fotos e uma entrevista -sem imagens- que o coronel concedeu sobre a criação do esquadrão Senta a Pua e sobre como acabou se tornando o chefe do grupo.
Dos 49 aviadores do esquadrão, cinco morreram em combate, quatro em acidentes ou em treinamento, e 11 foram abatidos (alguns desses viraram prisioneiros de guerra; outros escaparam espetacularmente através das trincheiras inimigas).
São tantas histórias que Castro não dá o filme por terminado. "Posso aumentar e dividir em episódios, por exemplo. O filme já está em formato profissional digital para passar na televisão, mas também pode ser projetado em cinemas", diz o diretor, que ainda não fechou contrato para exibição do filme.
"Depois desse, quero filmar a história do comandante Fernando Moccelin, um dos aviadores do grupo. Mas aí usaremos atores. Será um filme de ficção baseado em fatos reais."



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