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TEATRO
Musicais, que perderam popularidade em anos anteriores, são destaque entre espetáculos que estréiam a partir deste mês
Broadway volta às origens em temporada
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Na nova temporada da Broadway, rua cujo pedaço mais feérico,
no centro de Manhattan, dá nome
ao bairro teatral de Nova York, a
tônica é uma só: volta às origens.
Por origens entenda-se o bom e
velho musical, gênero que não andava muito bem das pernas até a
virada do milênio.
Assim, a atração principal do
novo ano, que começa este mês, é
a "musicalização" da ópera "La
Bohème", de Puccini, pelas mãos
do diretor Baz Luhrmann, o mesmo de "Romeu e Julieta" e "Moulin Rouge".
O cineasta australiano promete
a estréia para o começo de dezembro em Nova York (com prévias
em San Francisco) e, entre outras
liberdades, mudou a trama dos
jovens parisienses para os anos 50
e entupiu a trilha de referências
contemporâneas.
Luhrmann avisa que também
pretende levar ao palco no ano
que vem uma versão do mesmo
"Moulin Rouge", seu maior sucesso, que rendeu US$ 175 milhões no mundo todo e é apontado como o responsável pelo renascimento do gênero no cinema.
Completam a nova temporada
"Dance of the Vampires", adaptação da hilariante comédia de Roman Polanski de 1967, "Amour",
tradução do francês "Le Passe
Muraille", com músicas de Michel
LeGrand, e "Movin" Out", coreografado por Twyla Tharp e composto por Billy Joel.
Os "culpados" pelo novo boom
de musicais no bairro que os consagrou mundialmente são dois
nomes mais comumente ligados
ao cinema: Mel Brooks e John
Waters. O primeiro adaptou para
os palcos em 2000 sua comédia
dos anos 60 "The Producers"
("Primavera para Hitler", no Brasil), que bateu todos os recordes
de bilheteria até hoje.
No ano seguinte, animados pelas cifras, empresários convenceram o outsider diretor Waters a
ceder os direitos de seu filme
"Hairspray", de 1988, a luta de
uma adolescente obesa para se integrar na rósea e loura e magra juventude de Baltimore de 1962.
A peça debutou no começo deste ano devorando os recordes que
haviam sido deixados por "Producers". Vendeu espantosos US$
14 milhões antes da estréia (contra US$ 15 milhões daquela) e só é
possível comprar o ingresso mais
barato (US$ 65) para o começo de
março do ano que vem.
O sucesso do gênero musical,
sim, mas também do cinema levado ao palco fez com que os produtores flertassem ainda mais com
Hollywood para esta temporada
que começa. Das dez principais
peças previstas para estrearem,
mais da metade tem alguma ligação com a tela grande.
A movimentação levou até mesmo um veterano como Paul Newman a voltar aos palcos de Manhattan depois de quase 40 anos
ausente. Ele protagoniza a remontagem de "Our Town", clássico de Thornton Wilder, que estréia em 4 de dezembro.
"Town" estreou no começo do
ano na Westport Country Playhouse, em Connecticut, dirigida
por sua mulher, a atriz Joanne
Woodward. A última peça do ator
de "Butch Cassidy" na Broadway
tinha sido a comédia "Baby Want
a Kiss", de 1964.
O que está em jogo no vaivém
dos cartazes, nomes e gêneros é
um mercado que faturou US$ 4,4
bilhões no período 2000/2001
apenas em bilheteria, dá 40 mil
empregos à cidade e tem previsão
de queda de 4% na temporada
pós-ataque de 11 de setembro.
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