São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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TEATRO

Musicais, que perderam popularidade em anos anteriores, são destaque entre espetáculos que estréiam a partir deste mês

Broadway volta às origens em temporada

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Na nova temporada da Broadway, rua cujo pedaço mais feérico, no centro de Manhattan, dá nome ao bairro teatral de Nova York, a tônica é uma só: volta às origens. Por origens entenda-se o bom e velho musical, gênero que não andava muito bem das pernas até a virada do milênio.
Assim, a atração principal do novo ano, que começa este mês, é a "musicalização" da ópera "La Bohème", de Puccini, pelas mãos do diretor Baz Luhrmann, o mesmo de "Romeu e Julieta" e "Moulin Rouge".
O cineasta australiano promete a estréia para o começo de dezembro em Nova York (com prévias em San Francisco) e, entre outras liberdades, mudou a trama dos jovens parisienses para os anos 50 e entupiu a trilha de referências contemporâneas.
Luhrmann avisa que também pretende levar ao palco no ano que vem uma versão do mesmo "Moulin Rouge", seu maior sucesso, que rendeu US$ 175 milhões no mundo todo e é apontado como o responsável pelo renascimento do gênero no cinema.
Completam a nova temporada "Dance of the Vampires", adaptação da hilariante comédia de Roman Polanski de 1967, "Amour", tradução do francês "Le Passe Muraille", com músicas de Michel LeGrand, e "Movin" Out", coreografado por Twyla Tharp e composto por Billy Joel.
Os "culpados" pelo novo boom de musicais no bairro que os consagrou mundialmente são dois nomes mais comumente ligados ao cinema: Mel Brooks e John Waters. O primeiro adaptou para os palcos em 2000 sua comédia dos anos 60 "The Producers" ("Primavera para Hitler", no Brasil), que bateu todos os recordes de bilheteria até hoje.
No ano seguinte, animados pelas cifras, empresários convenceram o outsider diretor Waters a ceder os direitos de seu filme "Hairspray", de 1988, a luta de uma adolescente obesa para se integrar na rósea e loura e magra juventude de Baltimore de 1962.
A peça debutou no começo deste ano devorando os recordes que haviam sido deixados por "Producers". Vendeu espantosos US$ 14 milhões antes da estréia (contra US$ 15 milhões daquela) e só é possível comprar o ingresso mais barato (US$ 65) para o começo de março do ano que vem.
O sucesso do gênero musical, sim, mas também do cinema levado ao palco fez com que os produtores flertassem ainda mais com Hollywood para esta temporada que começa. Das dez principais peças previstas para estrearem, mais da metade tem alguma ligação com a tela grande.
A movimentação levou até mesmo um veterano como Paul Newman a voltar aos palcos de Manhattan depois de quase 40 anos ausente. Ele protagoniza a remontagem de "Our Town", clássico de Thornton Wilder, que estréia em 4 de dezembro.
"Town" estreou no começo do ano na Westport Country Playhouse, em Connecticut, dirigida por sua mulher, a atriz Joanne Woodward. A última peça do ator de "Butch Cassidy" na Broadway tinha sido a comédia "Baby Want a Kiss", de 1964.
O que está em jogo no vaivém dos cartazes, nomes e gêneros é um mercado que faturou US$ 4,4 bilhões no período 2000/2001 apenas em bilheteria, dá 40 mil empregos à cidade e tem previsão de queda de 4% na temporada pós-ataque de 11 de setembro.



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