São Paulo, terça-feira, 01 de outubro de 2002

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Em breve em um cinema perto de vocês

JOHN WATERS
ESPECIAL PARA O "NEW YORK TIMES"

Serei honesto: sou um verdadeiro amador no mundo do teatro. Minha experiência de palco não impressiona em nada. Cresci obcecado pelos primeiros trabalhos do Teatro do Absurdo, o que de alguma maneira me conduziu aos musicais de drag queens das Cockettes, com temas comunistas e inspirados pelo LSD, em San Francisco, no começo dos anos 70.
Expliquei a Margo Lion, a produtora da Broadway, que a tentativa de fazer de "Hairspray - Éramos Todos Jovens" uma comédia de situação jamais passou do estágio de piloto, no final da década de 80, e que a Broadway já adquirira uma opção de produção do meu filme. Mas ela explicou, dessa vez, que queria "manter intacto o espírito de John Waters" e fazer a idéia funcionar. Comecei a me interessar. Será que eu poderia colaborar? Eu, o maníaco por controle? Idéia assustadora.
Assim que ouvi a trilha sonora e as letras da versão teatral de "Hairspray", fiquei completamente seduzido. Mas imaginem o quanto eu me assustei, lá sozinho, na primeira leitura da peça pelo elenco completo. Pessoas que eu mal conhecia estavam transformando algo que imaginei 15 anos atrás no quarto do meu velho apartamento em um grande e vistoso musical.
O alívio tomou conta de meus pensamentos quando compreendi que a adaptação para o teatro tinha tomado meu roteiro pelas rédeas, e, depois de um beijo de boa viagem, o havia lançado ao palco como algo completamente novo. Minhas piadas continuavam lá e agora queriam cantar!
Talvez eu consiga com que todos os meus velhos filmes voltem a funcionar. "Multiple Maniacs" seria um game show, "Pink Flamingos", uma ópera; "Desperate Living", uma comédia de situação; "Polyester", um carnaval no gelo; "Mamãe É de Morte", um videogame; "O Preço da Fama", uma instalação de vídeo e "Cecil Bem Demente" um reality show na TV.
E, uau, talvez até mesmo "Hairspray", o novo musical da Broadway, se torne um filme em Hollywood, que daria origem a "Deep Hairspray" como paródia pornô, em breve em um cinema perto de vocês.

Tradução de Paulo Migliacci



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