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Em breve em um cinema perto de vocês
JOHN WATERS
ESPECIAL PARA O "NEW YORK TIMES"
Serei honesto: sou um verdadeiro amador no mundo
do teatro. Minha experiência de
palco não impressiona em nada.
Cresci obcecado pelos primeiros
trabalhos do Teatro do Absurdo,
o que de alguma maneira me conduziu aos musicais de drag
queens das Cockettes, com temas
comunistas e inspirados pelo
LSD, em San Francisco, no começo dos anos 70.
Expliquei a Margo Lion, a produtora da Broadway, que a tentativa de fazer de "Hairspray - Éramos Todos Jovens" uma comédia
de situação jamais passou do estágio de piloto, no final da década
de 80, e que a Broadway já adquirira uma opção de produção do
meu filme. Mas ela explicou, dessa vez, que queria "manter intacto
o espírito de John Waters" e fazer
a idéia funcionar. Comecei a me
interessar. Será que eu poderia
colaborar? Eu, o maníaco por
controle? Idéia assustadora.
Assim que ouvi a trilha sonora e
as letras da versão teatral de
"Hairspray", fiquei completamente seduzido. Mas imaginem o
quanto eu me assustei, lá sozinho,
na primeira leitura da peça pelo
elenco completo. Pessoas que eu
mal conhecia estavam transformando algo que imaginei 15 anos
atrás no quarto do meu velho
apartamento em um grande e vistoso musical.
O alívio tomou conta de meus
pensamentos quando compreendi que a adaptação para o teatro
tinha tomado meu roteiro pelas
rédeas, e, depois de um beijo de
boa viagem, o havia lançado ao
palco como algo completamente
novo. Minhas piadas continuavam lá e agora queriam cantar!
Talvez eu consiga com que todos os meus velhos filmes voltem
a funcionar. "Multiple Maniacs"
seria um game show, "Pink Flamingos", uma ópera; "Desperate
Living", uma comédia de situação; "Polyester", um carnaval no
gelo; "Mamãe É de Morte", um videogame; "O Preço da Fama",
uma instalação de vídeo e "Cecil
Bem Demente" um reality show
na TV.
E, uau, talvez até mesmo
"Hairspray", o novo musical da
Broadway, se torne um filme em
Hollywood, que daria origem a
"Deep Hairspray" como paródia
pornô, em breve em um cinema
perto de vocês.
Tradução de Paulo Migliacci
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