São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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LIVROS

Ruiz Zafón retorna aos mistérios de Barcelona

"O Jogo do Anjo" retoma cenário do Cemitérios dos Livros Esquecidos de "A Sombra do Vento'

"Ler um romance é como passar férias no cérebro do autor", diz Zafón, sobre sua relação com o protagonista, que também é um escritor


EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

O espanhol Carlos Ruiz Zafón prefere não encarar seu novo romance, "O Jogo do Anjo", como mera continuação do best-seller "A Sombra do Vento", que só no Brasil vendeu cerca de 150 mil cópias. "Ambos fazem parte de um ciclo de romances independentes, mas conectados através do mesmo universo literário", diz à Folha o autor, que no novo livro retoma o cenário do Cemitério dos Livros Esquecidos e pretende fazer uma tetralogia. Leia abaixo trechos da entrevista:

 

FOLHA - "O Jogo do Anjo" foi publicado após sete anos de "silêncio" e do sucesso de "A Sombra do Vento". O sr. se sentiu pressionado para ter um novo romance de sucesso?
CARLOS RUIZ ZAFÓN
- Na verdade, não. "O Jogo do Anjo" é o sexto romance que publico e, talvez por isso, a experiência de muitos anos no ofício me permita a perspectiva e a distância para não confundir as coisas ou deixar-me condicionar demais pelas expectativas. No fim das contas, cada livro é um novo desafio e se começa do zero sem saber aonde se vai chegar.

FOLHA- "O Jogo do Anjo" faz parte de uma tetralogia?
ZAFÓN
- Ambos fazem parte de um ciclo de romances independentes, mas conectados através do mesmo universo literário. O coração deste mundo é o Cemitério dos Livros Esquecidos e a Barcelona misteriosa que conhecemos em "A Sombra do Vento". As diferenças são de tom, perspectiva e construção. "O Jogo" é mais sombrio, mais gótico e complexo e "joga" ao implicar o leitor no processo narrativo, convidando-o a interpretar a trama e a fazer parte da resolução da história.

FOLHA - Seu personagem principal é um escritor. Em que medida o sr. buscou ou evitou espelhar-se aí?
ZAFÓN
- Todos os personagens que um escritor cria têm algo de si mesmo, não somente o protagonista ou aqueles que se parecem com ele são um espelho. Há muito de mim em meus livros. Mas não somente nos personagens e sim, sobretudo, em sua construção, no modo como são escritos e narrados, em seu universo. Ler um romance é como passar férias no cérebro de seu autor.

FOLHA - O "New York Times" disse que sua obra é uma mistura de Umberto Eco, García Márquez e Borges. O sr. concorda com a descrição?
ZAFÓN
- Não estabeleço comparações nem estou especialmente interessado nelas. Minhas influências vêm de todas as partes, de tudo o que li. Não faço distinção de língua, raça, nacionalidade ou credo. A literatura não tem passaportes.


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