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LIVROS
Ruiz Zafón retorna aos mistérios de Barcelona
"O Jogo do Anjo" retoma cenário do Cemitérios dos Livros Esquecidos de "A Sombra do Vento'
"Ler um romance é como passar férias no cérebro do autor", diz Zafón, sobre sua relação com o protagonista, que também é um escritor
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
O espanhol Carlos Ruiz Zafón prefere não encarar seu novo romance, "O Jogo do Anjo",
como mera continuação do
best-seller "A Sombra do Vento", que só no Brasil vendeu
cerca de 150 mil cópias. "Ambos fazem parte de um ciclo de
romances independentes, mas
conectados através do mesmo
universo literário", diz à Folha
o autor, que no novo livro retoma o cenário do Cemitério dos
Livros Esquecidos e pretende
fazer uma tetralogia. Leia abaixo trechos da entrevista:
FOLHA - "O Jogo do Anjo" foi publicado após sete anos de "silêncio" e
do sucesso de "A Sombra do Vento".
O sr. se sentiu pressionado para ter
um novo romance de sucesso?
CARLOS RUIZ ZAFÓN - Na verdade,
não. "O Jogo do Anjo" é o sexto
romance que publico e, talvez
por isso, a experiência de muitos anos no ofício me permita a
perspectiva e a distância para
não confundir as coisas ou deixar-me condicionar demais pelas expectativas. No fim das
contas, cada livro é um novo desafio e se começa do zero sem
saber aonde se vai chegar.
FOLHA- "O Jogo do Anjo" faz parte
de uma tetralogia?
ZAFÓN - Ambos fazem parte de
um ciclo de romances independentes, mas conectados através
do mesmo universo literário. O
coração deste mundo é o Cemitério dos Livros Esquecidos e a
Barcelona misteriosa que conhecemos em "A Sombra do
Vento". As diferenças são de
tom, perspectiva e construção.
"O Jogo" é mais sombrio, mais
gótico e complexo e "joga" ao
implicar o leitor no processo
narrativo, convidando-o a interpretar a trama e a fazer parte
da resolução da história.
FOLHA - Seu personagem principal
é um escritor. Em que medida o sr.
buscou ou evitou espelhar-se aí?
ZAFÓN - Todos os personagens
que um escritor cria têm algo
de si mesmo, não somente o
protagonista ou aqueles que se
parecem com ele são um espelho. Há muito de mim em meus
livros. Mas não somente nos
personagens e sim, sobretudo,
em sua construção, no modo
como são escritos e narrados,
em seu universo. Ler um romance é como passar férias no
cérebro de seu autor.
FOLHA - O "New York Times" disse
que sua obra é uma mistura de Umberto Eco, García Márquez e Borges.
O sr. concorda com a descrição?
ZAFÓN - Não estabeleço comparações nem estou especialmente interessado nelas. Minhas influências vêm de todas
as partes, de tudo o que li. Não
faço distinção de língua, raça,
nacionalidade ou credo. A literatura não tem passaportes.
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