São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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CRÍTICA ERUDITO

"Barbeiro de Sevilha" chega mais elétrico a São Paulo

Maestro John Neschling imprime um ritmo eletrizante à narrativa

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

Quatro meses e 12 cidades após a estreia, "O Barbeiro de Sevilha", de Rossini, primeira montagem da Cia. Brasileira de Ópera, chegou a São Paulo, no teatro Alfa.
Federico Sanguinetti e Luisa Francesconi saíram-se melhor como Fígaro e Rosina do que o elenco da première em Belo Horizonte, enquanto Pepes do Vale e Gianluca Breda continuam ótimos como Bartolo e Basilio.
É bom ver John Neschling reger novamente em SP. Ele tomou tempos mais rápidos aqui, e isso dotou a narrativa de um ritmo eletrizante. Mas em alguns momentos não foi fácil para os cantores manter o andamento, como em "A un Dottor della Mia Sorte", complexa ária de Bartolo.
Muito tem sido comentado sobre a perfeita sincronia entre a música e uma criativa animação do cartunista Joshua Held, concebida para substituir os cenários e responsável pelo sucesso da produção junto a um público de todas as idades.
No início da ópera, é o Rossini da tela quem fornece as partituras para os músicos.
Mas, em vez de serem colocadas nas estantes, elas são desdenhosamente jogadas para o alto: a imagem sintetiza a precedência do virtual sobre o real, do visual sobre o musical, princípio estético que coordena a montagem assinada por Pier Francesco Maestrini.
A música de Rossini parece ser trilha sonora criada a partir da projeção (e não o contrário), e o cartum igualmente enfraquece o teatro.
Personagens de carne e osso não conseguem se igualar a seus símiles na tela; ao contrário, sua frágil humanidade é invariavelmente ridicularizada pelo movimento de traços angulosos, cores fortes e tamanhos desmedidos.
Espremidos entre fosso e tela, cantores emprestam vozes à trama. Mas não encontram lugar para os próprios corpos, esses desenhos malfeitos dos quais se deve rir.


O BARBEIRO DE SEVILHA
QUANDO hoje e 3/11, às 21h; amanhã, às 19h
ONDE teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/11/5693-4000)
QUANTO de R$ 30 a R$ 80
AVALIAÇÃO bom
CLASSIFICAÇÃO livre




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