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CRÍTICA ERUDITO
"Barbeiro de Sevilha" chega mais elétrico a São Paulo
Maestro John Neschling imprime um ritmo eletrizante à narrativa
SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA
Quatro meses e 12 cidades
após a estreia, "O Barbeiro de
Sevilha", de Rossini, primeira montagem da Cia. Brasileira de Ópera, chegou a São
Paulo, no teatro Alfa.
Federico Sanguinetti e Luisa Francesconi saíram-se
melhor como Fígaro e Rosina
do que o elenco da première
em Belo Horizonte, enquanto
Pepes do Vale e Gianluca
Breda continuam ótimos como Bartolo e Basilio.
É bom ver John Neschling
reger novamente em SP. Ele
tomou tempos mais rápidos
aqui, e isso dotou a narrativa
de um ritmo eletrizante. Mas
em alguns momentos não foi
fácil para os cantores manter
o andamento, como em "A
un Dottor della Mia Sorte",
complexa ária de Bartolo.
Muito tem sido comentado
sobre a perfeita sincronia entre a música e uma criativa
animação do cartunista
Joshua Held, concebida para
substituir os cenários e responsável pelo sucesso da
produção junto a um público
de todas as idades.
No início da ópera, é o Rossini da tela quem fornece as
partituras para os músicos.
Mas, em vez de serem colocadas nas estantes, elas são
desdenhosamente jogadas
para o alto: a imagem sintetiza a precedência do virtual
sobre o real, do visual sobre o
musical, princípio estético
que coordena a montagem
assinada por Pier Francesco Maestrini.
A música de Rossini parece ser trilha sonora criada a
partir da projeção (e não o
contrário), e o cartum igualmente enfraquece o teatro.
Personagens de carne e osso não conseguem se igualar
a seus símiles na tela; ao contrário, sua frágil humanidade é invariavelmente ridicularizada pelo movimento de
traços angulosos, cores fortes e tamanhos desmedidos.
Espremidos entre fosso e
tela, cantores emprestam vozes à trama. Mas não encontram lugar para os próprios
corpos, esses desenhos malfeitos dos quais se deve rir.
O BARBEIRO DE SEVILHA
QUANDO hoje e 3/11, às 21h; amanhã, às 19h
ONDE teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/11/5693-4000)
QUANTO de R$ 30 a R$ 80
AVALIAÇÃO bom
CLASSIFICAÇÃO livre
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