|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
CRÍTICA DRAMA
Em "Caterpillar", Wakamatsu ataca militarismo japonês
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Até hoje, o Japão encara
com dificuldades os crimes
cometidos no seu passado
militar. Desde os anos 1960, o
diretor Koji Wakamatsu, 74,
tem construído uma obra crítica ao nacionalismo que prevaleceu com força até o fim
da Segunda Guerra. Para ele,
a sujeira não deve ser escondida embaixo do tapete.
"Caterpillar" (lagarta) pode soar chocante, insuportável até, para os não-iniciados
na obra do cineasta.
Durante a Segunda Guerra
Sino-Japonesa (1937-1945), o
tenente Kurokawa não pensa
duas vezes antes de espancar
e estuprar mulheres chinesas. Isso não impede que, ao
voltar do conflito, seja tratado como herói nacional, um
verdadeiro "deus vivo".
Mas Kurokawa não volta
como antes. Perdeu braços e
pernas, está surdo e mudo e
tem parte do rosto desfigurado. O pênis e o apetite sexual,
no entanto, estão vivos.
Wakamatsu cria um filme
em tom decadente, claustrofóbico, que se passa bastante
entre quatro paredes. Cabe à
mulher, Shigeko (Shinobu
Terajima), a tarefa de satisfazer as vontades do marido
-que ainda a maltrata.
Não é a primeira vez que o
diretor faz metáforas políticas usando cenas de perversão sexual. "O Império dos
Sentidos" (1976), de Nagisa
Oshima, tem Wakamatsu como produtor-executivo.
Mais do que causar choques gratuitos, o cineasta busca entender aquele período histórico e, por meio do
impacto das imagens, contribuir para que o passado não seja esquecido facilmente.
CATERPILLAR
DIREÇÃO Koji Wakamatsu
QUANDO hoje, às 18h20, e amanhã, às 19h40, no Frei Caneca Unibanco Arteplex
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom
Texto Anterior: 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Crítica comédia: Novo Woody Allen tem cenas memoráveis Próximo Texto: Crítica documentário: Canadense dá tratamento grandioso à vida dos bebês Índice | Comunicar Erros
|