São Paulo, Quarta-feira, 01 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP recebe "mister" John Cale e "lady" Marianne Faithfull

Associated Press - 3.jul.99
Marianne Faithfull, 52, durante apresentação em Montreux, no meio deste ano



Ícones do pop com arte desde os 60, ex-líder do Velvet Underground e cantora britânica se apresentam no Sesc entre os dias 8 e 12


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Ele com 57 anos, ela aos 52, dois ícones históricos da cultura pop e do dito ambiente "underground", ambos dotados de humores que os aproximaram, em momentos diversos, de inflexões quase eruditas, estarão, pela primeira vez em suas carreiras, se apresentando no Brasil neste mês. Dois Sesc, respectivamente o Vila Mariana e o Pompéia, recebem entre os dias 8 e 12, para três shows cada, o compositor galês radicado em Nova York John Cale e a cantora londrina estabelecida em Dublin Marianne Faithfull.
Cale, de formação erudita, foi membro fundador, nos 60, do Velvet Underground, provavelmente a mais influente das bandas de "art rock" de todos os tempos. Apartado do outro líder da banda, Lou Reed, ainda nos 60, seguiu carreira solo, produziu cantoras de linhagem "música de arte" -Nico, Patti Smith- e trabalhou com o ex-Roxy Music Brian Eno. Revisa essa trajetória entre os dias 8 e 10.
Faithfull, celebrizada primeiro como namorada de Mick Jagger, intérprete frugal do clássico dos Rolling Stones "As Tears Go By" e doidona, seguiu carreira errática e foi se confirmando, de 1979 em diante, como cantora sombria e rigorosa que veio encontrar, no final dos 90, repertórios como os de Bertolt Brecht e Kurt Weill.
De volta ao Brasil -veio duas vezes, como acompanhante de Jagger, nos 60 (leia entrevista nesta página)-, ela traz, entre os dias 10 e 12, o show de lançamento de "Vagabond Ways", seu novo disco, lançado apenas lá fora -a Virgin brasileira diz que não vai lançá-lo aqui.
As apresentações integram o projeto "1999...", do Sesc, e têm curadoria de Bruno Verner, 28, e Eliete Mejorado, 32, que juntos integram o duo pop/eletrônico/ performático Tetine.
"O conceito do projeto é o da "aproximação", dois artistas-mitos no contexto do pop mundial se apresentando em São Paulo depois do temporal, no fim de tudo, na mudança dos números", tenta explicar Verner.
"Eles são artistas pioneiros, "estranhos" no melhor dos sentidos. Foram persistentes e avessos ao mercado. Representam aquela fatia de artistas que lidam com a música e o mercado pop de um jeito que é diferente. Na hora de reuni-los, só pensávamos nisso."
"Eles sintetizam muito da história da música pop e do comportamento neste século. A concepção do "1.999..." parte da investigação, da experimentação, do inusitado. Nada mais justo que Marianne Faithfull e John Cale, na medida em que consideramos os dois shows como concertos de arte", conclui Mejorado.
Cale e Marianne não eram os únicos cogitados, segundo eles. "Patti Smith esteve em vias de aceitar, não fosse, segundo seus agentes, uma viagem pessoal ao Vietnã. Os grupos Ween e Sonic Youth também foram sondados. Sonic Youth não pôde porque as crianças deles estavam em período de exames na escola", conta Mejorado.
Com os dois ícones pop, vem também a britânica Bobby Baker, 49, que promove, nos dias 10 e 11, no Sesc Pompéia, a performance "Kitchen Show". Em atividade desde os anos 70, ela acumula extenso repertório de performances, como "An Edible Family Home" (76) e "Drawing on Mother Experience" (91). Programado para acontecer numa cozinha, o "Kitchen Show" mistura humor, situações patéticas e autoparódia.
E assim começarão a terminar os 1900 na cidade de São Paulo.


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Musa "junkie" chama amigos dos anos 60
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.