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DISCO - CRÍTICA
"Vagabond Ways" registra maturidade da cantora
da Reportagem Local
Produto mais
recente da verve
de Marianne
Faithfull, "Vagabond Ways"
é seu retorno
aos contornos amplos da música
pop, após intensivas -e inconstantes- incursões em música de
ópera, teatro e cabaré e em temas
acompanhados de orquestra.
Marianne ainda sofre dos preconceitos retidos pelo tom juvenil
-e estritamente brilhante- em
que se viu emoldurada nos 60,
dentro da corrente prosaica de
nomes como Peter, Paul & Mary
ou Simon & Garfunkel. Mas há
décadas ela já não é nada disso.
A impressão atual é a mesma
que ela inaugurou em 1979, quando veio lancinante, direta no assunto em "Broken English". "Sinto culpa, apesar de não ter feito
nada errado", uivava em "Guilt",
a voz precocemente envelhecida.
Desde aí houve, em 1987, a magistral reelaboração de "As Tears
Go By", em que demonstrou que
sua fofura boba podia esconder
toda a sombra do mundo -a
cantiga se tornou então a mais
triste de todas as canções.
Hoje, em "Vagabond Ways", a
melancolia se cristalizou e se reverte em seu favor. Compositora,
ela brinca com os clichês de tresloucada a que continua associada,
encarando os assuntos-tabu em
riquezas como a faixa-título e "File It under Fun from the Past".
Na primeira pessoa, em tradução livre: "Oh, doutor, por favor/
Eu bebo e tomo drogas, amo o sexo e saio por aí/ Tive meu primeiro bebê aos 14/ E, sim, acho que
sou vagabunda". A seguir -o esgar-, conta, distanciada, que
roubaram as crianças da garota
que cantava em primeira pessoa,
que a esterilizaram, que ela morreu de drogas e de bebida. Mas é
óbvio que aquela moça não está
morta, e aí está o detalhe, dom
crucial de depoimento pessoal.
O disco é também de intérprete,
com reformulações muito particulares de Leonard Cohen, Daniel
Lanois, Elton John, Pink Floyd.
Lançando o amargor e o langor de
sua rouquidão, dá o derradeiro
bofete nos surdos que teimam em
não ouvi-la. Nobreza não é algo
que se perca.
(PAS)
Avaliação:
Disco: Vagabond Ways
Artista: Marianne Faithfull
Lançamento: Virgin (importado)
Onde encomendar: London Calling
(tel. 0/xx/11/223-5300)
Quanto: R$ 40
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