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INTERFERÊNCIA COLETIVA
Segundo especialista, redes de comunicação como a internet favorecem a constância da criação
"Grupos são forma privilegiada de organização"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para decifrar o código genético
do formato coletivo, o professor
coordenador do núcleo CiberIDEA da UFRJ, Henrique Antoun,
contrapõe diferentes relações sociais: "As organizações de massa
privilegiam as relações de consumo do mercado ou as relações
fortes das instituições -família,
trabalho, escola, etc. Os coletivos
vêm de relações fracas, laterais e
ocasionais, como turmas de praia,
azaração, festas, conversa, programa, boemia. O principal problema era a casualidade e instabilidade em que era gerado".
"Com a emergência das redes
de comunicação, como internet e
celulares, e do trabalho autônomo
intelectual, esses coletivos vão poder ultrapassar sua instabilidade e
poder se tornar uma forma privilegiada de organização", conclui o
professor.
"Artistas de todos os campos estão trocando a competição comercial pela colaboração", define
Daniel Poeira.
O grupo A Revolução enfatiza
que não é apenas "oposição ao
sistema estabelecido de circulação de idéias e mercadorias. É
preciso buscar pontos de interseção para entrar, agir e sair".
Da ponta da região norte do
Brasil, um exemplo prático: "Como em Macapá não há museus,
galerias e nem críticos, não temos
a instituição Arte para combater",
explica Arthur Leandro, do Grupo Urucum.
"Por isso, o coletivo é mais como a tentativa de institucionalizar uma prática artística independente de mercado e voltada para a
mobilidade social."
E além: "A idéia é transformar a
realidade em dúvida. Intervir em
locais inusitados e documentar a
reação das pessoas frente ao
bombardeio sensorial desconexo", conta Felipe Braitt, do coletivo Radioatividade.
"O coletivo está aí para ser o
contraponto das formas autoritárias e hierárquicas", contam os
integrantes do grupo Sabotagem.
"Numa sociedade onde trabalhamos a toda hora e em todo lugar,
cada vez mais se cria uma mentalidade de se fazer algo com prazer
ou então não fazer. Nós não estamos dispostos a nos sacrificar em
nome de organizações para formar políticos ou portfólios", resumem.
(AM)
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