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ARTES
Megamostra sobre movimento abre em 2005 no Bronx, vai a Chicago e à Europa e chegará a SP dois anos depois
Tropicália começa aniversário pelos EUA
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de ser apenas em 2007
que o tropicalismo comemora 40
anos, a celebração da data terá início já em maio de 2005 e, quem diria, em Nova York. Três instituições ligadas à cultura, o Museu de
Artes do Bronx, o Museu de Arte
Contemporânea de Chicago e a
BrasilConnects preparam uma
grande mostra para revisitar o
tropicalismo, com um olhar contemporâneo.
Na última semana, os diretores
das três instituições reuniram-se
em São Paulo para lançar o projeto e encontraram-se também com
o ministro da Cultura, Gilberto
Gil, em Brasília, para convidá-lo a
abrir a exposição.
"Creio que só no Brasil há um
ministro da Cultura que possa
cantar na abertura de uma mostra", brinca Robert Fitzpatrick, diretor do museu de Chicago, o
mentor do projeto. Em 1998, Fitzpatrick veio ao Brasil pela primeira vez para ver a Bienal de São
Paulo. Conheceu a Antropofagia,
tema da mostra, encantou-se ("foi
uma descoberta fantástica") e,
desde então, acalenta a idéia de fazer algo sobre o país.
"Meu trabalho é tornar Chicago
menos provinciana e, por isso,
busco criar um novo eixo, São
Paulo-Roma-Chicago, que faça
um contraponto ao eixo Paris-Nova York-Londres. Não quero
que a mostra do tropicalismo seja
apenas uma leitura histórica, mas
ressalte aspectos da cultura brasileira que tiveram início com o
movimento e se desenvolvem até
hoje", afirma o diretor à Folha.
O responsável pela mostra é o
curador argentino (argentino??!!)
Carlos Basualdo. "Tenho uma visão exterior daqui, um distanciamento que pode revelar a força
cultural do Brasil", diz Basualdo.
Há anos, ele desenvolve projetos
sobre o país e em seu trabalho
mais recente, como curador-adjunto da Bienal de Veneza, encerrada recentemente, levou cinco
brasileiros para a exposição.
Segundo o presidente da BrasilConnects, Edemar Cid Ferreira, a
organização da mostra por três
instituições "irá abrir um novo
caminho para o Brasil na indústria da criatividade". "Há anos venho tentando parcerias desse tipo
e pela primeira vez conseguimos
chegar a uma equação que, por
dividir os custos da produção, irá
permitir uma mostra de grande
porte que circule pelo mundo",
conta Ferreira.
Depois de Nova York, a exposição segue para Chicago, vai para a
Europa, onde, entre outros locais,
está sendo negociada para ser exibida no Barbican Centre, de Londres, volta para os Estados Unidos
e termina no Brasil, em 2007, na
Oca, no parque Ibirapuera.
O tropicalismo tem início, em
1967, com a apresentação de "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso,
e "Domingo no Parque", de Gilberto Gil, no 3º Festival da Música
Popular Brasileira, da TV Record.
Entretanto, a mostra não pretende tratar apenas do aspecto musical do tropicalismo. "O movimento foi um dos mais importantes do pós-guerra e não pode ser
pensado em blocos. O que aconteceu foi uma das grandes formulações culturais da contemporaneidade", diz Basualdo.
De fato, é difícil encontrar, na
história brasileira, um ano mais
significativo, do ponto de vista artístico, do que 1967: Glauber Rocha lançava "Terra em Transe",
José Celso montava "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, en-
quanto Helio Oiticica apresentava
"Tropicália", obra que deu inspiração para o título do movimento.
Mas, o mais importante, o intercâmbio entre todas essas áreas era
constante. "É esse caráter de contaminação, que tem em Oiticica
uma figura central, por seu papel
de conectador, que pretendo desenvolver", conta Basualdo.
Para Oliva Georgia, diretora do
Museu do Bronx, a inauguração
em seu espaço revela ainda um
caráter peculiar: "Temos um
grande foco na arte latino-americana, e já realizamos diversas
mostras com artistas brasileiros,
mas sermos a entidade que abre a
exposição é uma grande sorte".
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