São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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Toni Platão canta as dores do amor

Ex-Hojerizah lança, no Rio, "Negro Amor", disco de interpretações com músicas românticas em que se afasta do pop rock

Álbum tem músicas de Angela Ro Ro, Mutantes, Márcio Greyck, Jards Macalé e versões para canções de Bob Dylan e Leonard Cohen


BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Toni Platão, 43, sempre foi daqueles artistas destinados a ficar à margem. Com seu terceiro trabalho solo, "Negro Amor", um disco de intérprete com doloridas canções amorosas, sua sorte parece começar a mudar. Sua trajetória não se distingue muito daquelas de cantores que nunca chegaram a estourar nos anos 80 (quando estava à frente do Hojerizah).
Ele é o primeiro a admitir: "Tenho quase 20 anos de carreira e vivo de períodos ruins. Sempre fiz questão de me manter à margem". Platão conta que a gota d'água foi a difícil recepção que seu penúltimo disco, "Calígula Freejack" (2000), teve. "O que mais ouvi foi: "Seu som é adulto demais para rádio rock e juvenil demais para rádios adultas".
Fiquei num limbo. Chegou uma altura da vida que pensei: "Ferrou". Eu tava precisando de grana, e não sabia o que fazer."
Platão recebeu a ajuda do amigo filósofo Fernando Muniz, que o auxiliou a montar o projeto Déja-Vu, semente deste "Negro Amor". Acompanhado apenas por um violão, Platão encontrou outras tonalidades para sua voz, tradicionalmente de orientação mais operística.
Já durante 2006, ele fez uma série de shows no Rio que, no boca-a-boca, tornaram-se um sucesso alternativo. A pequena multidão sempre presente atraiu a gravadora Som Livre, que enfim lança o disco.
"Não fiz pesquisa de repertório. Todas as músicas vieram da minha memória afetiva dos anos 70, de quando eu era criança. Não tenho cultura de MPB. Antes de ouvir punk, eu ouvia músicas que tocavam no Chacrinha, no "Globo de Ouro", nas novelas."
Em "Negro Amor", Platão interpreta Angela Ro Ro ("Mares da Espanha"), Jards Macalé ("Movimento dos Barcos"), Bob Dylan (na versão de Caetano Veloso e Péricles Cavalcante em "Negro Amor"), Márcio Greyck ("Impossível Acreditar que Perdi Você"), entre outros.
A fossa é grande. "Na música romântica brasileira há uma glamourização de que o amor é lindo e salva. Eu acho que não é assim. O amor pode destruir e matar. O disco fala mais sobre dor do que sobre amor."


NEGRO AMOR
Artista:
Toni Platão
Lançamento: Som Livre
Quanto: R$ 26, em média
Show: hoje e amanhã, às 22h, no Mistura Fina (av. Borges de Medeiros, 3.207, Rio de Janeiro, reservas: 0/xx/21/2537-2844); R$ 30


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