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Toni Platão canta as dores do amor
Ex-Hojerizah lança, no Rio, "Negro Amor", disco de interpretações com músicas românticas em que se afasta do pop rock
Álbum tem músicas de Angela Ro Ro, Mutantes, Márcio Greyck, Jards Macalé e versões para canções de Bob Dylan e Leonard Cohen
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Toni Platão, 43, sempre foi
daqueles artistas destinados a
ficar à margem. Com seu terceiro trabalho solo, "Negro
Amor", um disco de intérprete
com doloridas canções amorosas, sua sorte parece começar a
mudar. Sua trajetória não se
distingue muito daquelas de
cantores que nunca chegaram a
estourar nos anos 80 (quando
estava à frente do Hojerizah).
Ele é o primeiro a admitir:
"Tenho quase 20 anos de carreira e vivo de períodos ruins.
Sempre fiz questão de me manter à margem".
Platão conta que a gota d'água foi a difícil recepção que
seu penúltimo disco, "Calígula
Freejack" (2000), teve. "O que
mais ouvi foi: "Seu som é adulto
demais para rádio rock e juvenil demais para rádios adultas".
Fiquei num limbo. Chegou
uma altura da vida que pensei:
"Ferrou". Eu tava precisando de
grana, e não sabia o que fazer."
Platão recebeu a ajuda do
amigo filósofo Fernando Muniz, que o auxiliou a montar o
projeto Déja-Vu, semente deste "Negro Amor". Acompanhado apenas por um violão, Platão
encontrou outras tonalidades
para sua voz, tradicionalmente
de orientação mais operística.
Já durante 2006, ele fez uma
série de shows no Rio que, no
boca-a-boca, tornaram-se um
sucesso alternativo. A pequena
multidão sempre presente
atraiu a gravadora Som Livre,
que enfim lança o disco.
"Não fiz pesquisa de repertório. Todas as músicas vieram da
minha memória afetiva dos
anos 70, de quando eu era
criança. Não tenho cultura de
MPB. Antes de ouvir punk, eu
ouvia músicas que tocavam no
Chacrinha, no "Globo de Ouro",
nas novelas."
Em "Negro Amor", Platão interpreta Angela Ro Ro ("Mares
da Espanha"), Jards Macalé
("Movimento dos Barcos"),
Bob Dylan (na versão de Caetano Veloso e Péricles Cavalcante
em "Negro Amor"), Márcio
Greyck ("Impossível Acreditar
que Perdi Você"), entre outros.
A fossa é grande. "Na música
romântica brasileira há uma
glamourização de que o amor é
lindo e salva. Eu acho que não é
assim. O amor pode destruir e
matar. O disco fala mais sobre
dor do que sobre amor."
NEGRO AMOR
Artista: Toni Platão
Lançamento: Som Livre
Quanto: R$ 26, em média
Show: hoje e amanhã, às 22h, no Mistura Fina (av. Borges de Medeiros,
3.207, Rio de Janeiro, reservas: 0/xx/21/2537-2844); R$ 30
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