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The Who se conecta ao passado com novo álbum
Guitarrista vê semelhanças entre o recém-lançado "Endless Wire" e disco de 1971
Da formação original, só Pete Townshend e o vocalista Roger Daltry permanecem; novo trabalho inclui coleção de canções e mini-ópera
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o sujeito vive mais
de 20 anos do rock, começa a
conviver com a sombra do passado. Compete contra sua produção jovem e normalmente é
dado como derrotado diante
dela. Pete Townshend, guitarrista do Who, parece se importar pouco com isso.
Após informá-lo de que uma
das bandas recentes mais populares do Brasil, o Cachorro
Grande, segue fielmente sua receita do começo de carreira, a
Folha pergunta a Townshend
como vê o fato de continuar escrevendo música, mas sendo
mais influente com o seu passado que com o presente.
"Gosto de saber dessas coisas. Nós estamos mais velhos, e
e o velho som do rock requer
muita energia física e paixão
para funcionar. São essas bandas que trazem paixão e fogo ao
velho rock'n'roll", afirma
Townshend, 61.
Guitarrista ideal na juventude, com pernas abertas em pose
de ataque e braço girando como
um moinho a soprar as cordas
da guitarra, também ele parece
mais influenciado pelo que fora
no começo do que pelo que o
Who foi da última vez.
"Este álbum se conecta mais
com "Who's Next" (1971) e com
meu solo "Psychoderelict"
(1993) que com nosso último
disco, "It's Hard" (1982)", diz,
sobre o CD que a banda lança
agora, "Endless Wire".
Nova formação
O tempo foi inclemente com
o Who. Depois de se transformar em ícone do rock das décadas de 60 e 70, um verdadeiro
furacão em sua época, a banda
só conta com ele e o vocalista
Roger Daltrey como membros-fundadores vivos.
Sem o baixista John Entwistle, morto em 2002 por overdose, assim como o baterista
Keith Moon, em 1978, "Endless
Wire", é o primeiro disco da dupla, hoje acompanhada, entre
outros, pelo filho de Ringo
Starr, Zak Starkey. Essa é a formação que o Brasil não vai ver,
pelo menos por enquanto, já
que o show anunciado para
2007 foi cancelado.
"Endless Wire" é um trabalho em duas partes. A primeira
parte é uma coleção de canções;
a segunda, uma mini-ópera
rock, "Wire and Glass".
A faixa de abertura, "Fragments", construída a partir de
um software que traduz dados
como um retrato em música, é
realmente parecida com "Baba
O'Riley", que abria o clássico
"Who's Next" (1971).
"Toda música é eletrônica
hoje, a maior parte dela existe
como dados eletrônicos", afirma Townshend, que sempre se
preocupou em ampliar as fronteiras da banda. Segundo ele,
essa relação funciona no conceito do novo disco.
"Vejo a eletrônica como um
meio, não como um fim. Enquanto podemos tocar ao vivo
para gente viva, gosto também
de entrar na internet -o cabo
sem fim ["endless wire']- para
me conectar com os fãs. Mas é
melhor ter tanto o "cabo" quanto a frágil realidade das bandas
ao vivo. Na história da mini-ópera, a banda se chama Glass
("vidro')", conclui.
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