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Crítica/"Feliz Natal"
Drama natalino sobre a guerra se perde com mensagem simplista e utópica
DA REPORTAGEM LOCAL
Candidato francês -derrotado- ao Oscar de
filme estrangeiro de
2006, "Feliz Natal" baseia-se
em um fato real para trazer
mensagens pacifistas ao mundo atual. Retrata o cessar-fogo
entre tropas alemãs, francesas
e escocesas entrincheiradas na
noite de Natal de 1914, o primeiro ano da Primeira Guerra.
Acompanhamos os três lados.
Há o drama dos irmãos escoceses que vão à guerra por emoção, o do tenor alemão obrigado
a lutar, o do militar francês que
aguarda notícias da mulher
grávida. A mensagem é clara:
todos são vítimas da guerra.
Há duas maneiras básicas de
assistir ao filme. A primeira,
mais óbvia e menos feliz do
ponto de vista cinematográfico,
é sob o prisma antibelicista. As
boas intenções são louváveis,
mas as referências veladas a
questões do Oriente Médio e
dos EUA tornam o filme de
uma simplicidade primária.
A outra, mais interessante, é
acompanhar suas liberdades
poéticas. No cessar-fogo, as tropas, que até há poucos momentos se matavam, agora confraternizam, assistem a uma missa juntos, trocam presentes,
elogios e até segredos militares,
jogam futebol.
Apesar de dramas individuais, o que está em jogo são
grupos tratados como personagem -mas é claro que o diretor
Christian Carion não sonha em
ser Eisenstein. O que move todos é a busca pela sobrevivência e por um refúgio temporário. As três tropas criam um
mundo imaginário de paz e comunhão, alheio à guerra: uma
utopia. Fosse o diretor mais
anárquico, como as tropas, sua
mensagem poderia seguir mais
longe.
(BRUNO YUTAKA SAITO)
FELIZ NATAL
Direção: Christian Carion
Produção: França/Alemanha/Inglaterra/Romênia, 2005
Com: Diane Kruger, Daniel Brühl
Quando: em cartaz no cine HSBC Belas Artes e circuito
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