São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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Crítica/"Feliz Natal"

Drama natalino sobre a guerra se perde com mensagem simplista e utópica

DA REPORTAGEM LOCAL

Candidato francês -derrotado- ao Oscar de filme estrangeiro de 2006, "Feliz Natal" baseia-se em um fato real para trazer mensagens pacifistas ao mundo atual. Retrata o cessar-fogo entre tropas alemãs, francesas e escocesas entrincheiradas na noite de Natal de 1914, o primeiro ano da Primeira Guerra. Acompanhamos os três lados.
Há o drama dos irmãos escoceses que vão à guerra por emoção, o do tenor alemão obrigado a lutar, o do militar francês que aguarda notícias da mulher grávida. A mensagem é clara: todos são vítimas da guerra.
Há duas maneiras básicas de assistir ao filme. A primeira, mais óbvia e menos feliz do ponto de vista cinematográfico, é sob o prisma antibelicista. As boas intenções são louváveis, mas as referências veladas a questões do Oriente Médio e dos EUA tornam o filme de uma simplicidade primária.
A outra, mais interessante, é acompanhar suas liberdades poéticas. No cessar-fogo, as tropas, que até há poucos momentos se matavam, agora confraternizam, assistem a uma missa juntos, trocam presentes, elogios e até segredos militares, jogam futebol.
Apesar de dramas individuais, o que está em jogo são grupos tratados como personagem -mas é claro que o diretor Christian Carion não sonha em ser Eisenstein. O que move todos é a busca pela sobrevivência e por um refúgio temporário. As três tropas criam um mundo imaginário de paz e comunhão, alheio à guerra: uma utopia. Fosse o diretor mais anárquico, como as tropas, sua mensagem poderia seguir mais longe. (BRUNO YUTAKA SAITO)

FELIZ NATAL   
Direção: Christian Carion
Produção: França/Alemanha/Inglaterra/Romênia, 2005
Com: Diane Kruger, Daniel Brühl
Quando: em cartaz no cine HSBC Belas Artes e circuito


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