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Festival de Sundance escala brasileiros
Inéditos nos cinemas do país, o documentário "Acidente" e a ficção "O Cheiro do Ralo" competem na mostra norte-americana
Títulos foram selecionados entre 1.435 candidatos de diversos países; voltado ao
cinema independente, Sundance é vitrine mundial
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Templo do cinema independente idealizado pelo ator norte-americano Robert Redford,
o Festival de Sundance, que
ocorre sempre em janeiro, no
rigoroso inverno de Utah, selecionou dois filmes brasileiros à
edição 2007 (18/1 a 28/1).
A ficção "O Cheiro do Ralo",
de Heitor Dhalia, diretor pernambucano radicado em São
Paulo, e o documentário "Acidente", dos mineiros Cao Guimarães e Pablo Lobato, ultrapassaram 1.435 candidatos de
todo o mundo, interessados na
vitrine mundial que significa a
participação em Sundance.
As seções competitivas de "O
Cheiro do Ralo" (cinema mundial de ficção) e de "Acidente"
(cinema mundial documental)
têm 16 filmes cada uma.
O convite a Dhalia surgiu depois da bem-sucedida participação de seu filme nas edições
deste ano do Festival do Rio,
onde obteve o Prêmio Especial
do Júri, o da crítica e o de melhor ator (Selton Mello), e da
Mostra de SP, que venceu.
"Os gringos amam o filme",
diz Dhalia, referindo-se a profissionais estrangeiros do mercado de cinema que vieram às
mostras do Rio e de São Paulo e
"começaram a indicar voluntariamente o filme" para festivais
internacionais. "Agora está
chovendo convite", completa.
Segundo longa de Dhalia, que
estreou com "Nina", "O Cheiro
do Ralo" é baseado em livro homônimo do quadrinista Lourenço Mutarelli e conta a história de um personagem abjeto.
Dono de uma loja de objetos
usados, Lourenço (Selton Mello) humilha todas as pessoas
com quem se relaciona profissional ou afetivamente.
Declaradamente inspirado
no cinema independente americano, "O Cheiro do Ralo" foi
realizado com apenas R$ 300
mil. Quase toda a equipe do
longa trabalhou gratuitamente,
já que o diretor teve todos os
pedidos de patrocínio negados.
"Estou muito feliz de ir a
Sundance ao lado dos meninos
da Teia. Sou fã deles", diz Dhalia. Os "meninos" são Guimarães, Lobato e quatro outros
realizadores mineiros, abrigados no selo de produção Teia.
Com "Trecho", dirigido por
Helvécio Marins Jr. e Clarrissa
Campolina e fotografado por
Lobato, eles ganharam na última terça, no 39º Festival de
Brasília, os troféus de melhor
filme, fotografia e montagem
(Campolina e Karen Harley) na
categoria curta-metragem.
"Acidente" surgiu como um
projeto do DocTV, programa
do Ministério da Cultura, e acaba de ser lançado em DVD. A
partir de um poema composto
pelos nomes de 20 cidades mineiras, os diretores registraram
o pacato cotidiano desses municípios, cuja maioria tem em
torno de 5.000 habitantes.
Convidado também para o
próximo festival de Roterdã
(Holanda), "Acidente" deverá
ser exibido no ano que vem nas
20 cidades em que foi gravado,
com a presença dos diretores.
Guimarães e Lobato querem
estrear o filme também nos cinemas de pelo menos sete capitas brasileiras. A participação
em Sundance pode servir para
"potencializar" o projeto de
distribuição no país.
"Acho que o filme pode contaminar as salas de cinema no
Brasil com um novo modo de
olhar a realidade, já que ele não
se encaixa na forma clássica de
documentar nem no espaço
que a ficção atualmente ocupa", afirma Lobato.
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