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Crítica/"Jesus - A História do Nascimento"
Com excesso de música, filme lembra os antigos e ortodoxos épicos religiosos
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
É provável que o compositor canadense
Mychael Danna (em
cartaz com "Pequena Miss
Sunshine") nunca tenha trabalhado tanto quanto em "Jesus
- A História do Nascimento".
Do início ao fim, sem descanso, as imagens são acompanhadas por música - religiosamente solene, quase "oficial",
como se a diretora Catherine
Hardwicke ("Aos Treze") quisesse realçar o aspecto transcendental dos acontecimentos.
Jesus está no título brasileiro, mas os protagonistas são
Maria (a australiana Keisha
Castle-Hughes, de "Encantadora de Baleias") e José (Oscar
Isaac) no período que antecede
o nascimento do "rei dos reis".
A narrativa lembra um "filme
de estrada": o casal vai de Nazaré a Belém, passando por Jerusalém, e depois para o Egito.
Em paralelo, o rei Herodes
(Ciarán Hinds, de "Munique")
encarna a vilania, e os três reis
magos buscam a estrela.
Não há surpresas, já que o roteiro de Mike Rich ("Encontrando Forrester") se baseia
com fidelidade no texto bíblico.
Interessa mais a maneira de recriar a história, que se atém a
um registro "puro" e ingênuo.
Até os vilões são caracterizados com moderação, como se o
filme também os perdoasse
porque não sabiam o que faziam. Na iconografia cristã vista no cinema, o parentesco (distante) é com os ortodoxos épicos religiosos de Hollywood.
É bem verdade, entretanto,
que o naturalismo da ambientação e das interpretações contraria o esforço reiterativo da
trilha: é de gente simples, ainda
que em circunstâncias extraordinárias, que se fala.
JESUS - A HISTÓRIA DO NASCIMENTO
Direção: Catherine Hardwicke
Produção: EUA, 2006
Com: Keisha Castle-Hughes
Quando: a partir de hoje nos cines Villa-Lobos, West Plaza e circuito
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