São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Casa de Criadores tem boa safra masculina

A 22ª edição, encerrada anteontem em São Paulo, superou antigos problemas

Desfiles dos estilistas João Pimenta, Ash, Ivan Aguilar e da estreante Karen Valencio foram destaque no evento, que comemora uma década

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma boa safra de coleções masculinas e estréias promissoras deram uma injeção de ânimo à 22ª edição da Casa de Criadores, que terminou anteontem em São Paulo.
O evento comemora neste ano uma década de existência e demonstrou que está superando os problemas que dominaram as últimas edições, tanto do ponto de vista da organização quanto da criação. O saldo final desta temporada foi bastante positivo.
A moda feita para os homens saiu na frente desta vez, sobretudo com os trabalhos de João Pimenta, da Ash, de Ivan Aguilar e da estreante Karen Valencio, da marca Valencio Lemes.
O estilista João Pimenta mostrou uma coleção cheia de boas idéias e de testosterona, transitando do étnico rústico a imagens de dândis góticos. Ele explorou muito bem os tecidos, as formas e as modelagens e acertou nas cores, particularmente nos tons terrosos. O styling caprichado do desfile, por fim, assegurou que ele exibisse uma das melhores coleções -senão a melhor- da Casa de Criadores.
A Ash se saiu bem na parte feminina, mas foi ainda melhor no masculino. Mostrou um mix criativo de seus já conhecidos moletons megaestampados à mão com uma linha jeanswear bem resolvida.
Ivan Aguilar apresentou uma boa alfaiataria, com destaque para as jaquetas e os casacos longos, de construção segura e cortes caprichados. A novata Karen Valencio criou looks com interessantes exercícios de desconstrução e uma boa cartela de cores. É bom ficar de olho nela.

Feminino
Entre as coleções femininas, Walério Araújo foi o destaque, com uma coleção mais madura, mas não menos divertida. A imagem é inspirada nas odaliscas do Carnaval de rua e das antigas chanchadas, bem como nas rainhas da bateria.
Pretinhos nada básicos com cristais aplicados no formato de biquínis, vestidos estruturados e metalizados e até uma baiana gótica, com vestido rodado e anágua volumosa de tule apareceram na passarela. Araújo conseguiu dosar seu humor abusado com bons trabalhos de modelagem e acabamento.
Outros bons looks femininos passaram meio escondidos. Os vestidos curtinhos e as belas pantalonas de Gustavo Silvestre, com trabalhos de aplicações e relevos metalizados nos tecidos, ficaram escondidos numa exibição sem graça, à qual faltaram luz adequada e espaço para o público circular entre os modelos. A passarela ainda é o melhor lugar para ver e valorizar as roupas, caso não se tenha uma idéia muito criativa para aboli-la.
Já no caso da grife novata Diva, o styling equivocado e o make grotesco e pesado quase apagaram o cuidado na seleção dos tecidos e a qualidade do acabamento dos minivestidos cheios de rendinhas e com frufrus para lá de safados, tipo santinha do pau oco.
Com exceção de Rober Dognani, que soube explorar a moda festa em vestidos extravagantes e chiques, os estilistas que se aventuraram pelo imaginário do glamour tiveram muitos problemas. O último dia do evento, em especial, foi uma verdadeira apoteose do kitsch, com uma seqüência de imagens femininas caricatas e velhas.


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