São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Crítica/"Manual do Hedonista"

Manual é a favor de prazeres da vida

Americano Michael Flocker lança guia divertido que critica obsessão politicamente correta com preservação da saúde

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Cansado de pessoas que só falam sobre colesterol, carboidratos, os males do fumo e vitaminas que podem prolongar a vida?
Se sim, o "Manual do Hedonista", do norte-americano Michael Flocker, é uma leitura divertida e até subversiva em tempos tão cheios de regras politicamente corretas.
Em estilo bem-humorado de manual, com várias listas engraçadas, o autor propõe o que pode parecer óbvio: o que vale é viver uma vida com prazer. E preservar a vida achando que nunca vai morrer pode ser o contrário disso. Já no primeiro parágrafo ele avisa: "Sim, sim, eu sei, cigarro faz mal e sexo pode ser perigoso... Mas será possível mesmo encontrar felicidade numa corrida vertiginosa, num ambiente onde é proibido fumar, de Palm Pilot na mão, atrás do ideal capitalista?"
Ele acredita que não. E por isso propõe maneiras de gozar a vida de verdade. Para isso, lista excessos históricos, que vão desde a Grécia Antiga até os agitados anos 60, e lista os maiores hedonistas da história.
A obra é cheia de estilo auto-ajuda, ou, no caso, do que se poderia chamar de autodestruição. Há, por exemplo, uma lista sobre "os riscos de uma vida estruturada". A saber: "Você não vai ser popular em festas e vai ficar amargo".
Flocker chuta de vez a correção política ao falar sobre drogas e cigarro. Embriagar-se, segundo ele, pode ser divertido. E há até uma lista de fazer corar os "PCs" de carteirinha: a de dez razões para os fumantes continuarem fumando.
As dietas também caem nas mãos destrutivas do autor. Ele enumera os alimentos gostosos que mais engordam e afirma que "teor zero de gordura é igual a teor zero de diversão".
"Um dos maiores estraga-prazeres da sociedade atual é a constante obsessão com a saúde, a longevidade, as dietas e a gordura corporal." E, para deixar mais claro ainda que dá para ser diferente, o autor enumera histórias de "hedonistas" que viveram muito, como Picasso, descrito como "fumante compulsivo, amante do corpo e mulherengo incorrigível".
Se o livro é uma obra-prima que vai mudar a sua vida? Não.
Mas vai fazer você se divertir, o que parece ser, em todos os sentidos, o seu objetivo.


MANUAL DO HEDONISTA
Autor:
Michael Flocker
Tradução: Talita M. Rodrigues
Editora: Rocco
Quanto: R$ 34 (148 págs.)
Avaliação: bom


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