São Paulo, domingo, 02 de janeiro de 2005

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TELEVISÃO

Discovery Channel exibe documentário sobre a superprodução de Oliver Stone, que estréia no dia 14 de janeiro

Atores "treinam" duro em "Alexandre"

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem o som e as legendas, este documentário poderia parecer o treinamento de soldados americanos para combater no Iraque hoje. E é quase isso: trata-se do treinamento de atores para participar de uma batalha da Antigüidade que aconteceu logo ali, em Gaugamela, no norte do Iraque. Mas é parte de "Alexandre".
Assim como agora, essas batalhas também envolveram jovens do Ocidente lutando com seus colegas da mesma idade do Oriente.
Havia tempos em que os atores e os extras não precisavam de muito esforço para participar de um filme. Bastava colocar as roupas antigas, "de época", e pronto.
Mas, em nome da autenticidade, o diretor Oliver Stone criou um campo de treinamento de soldados/atores em Marrocos, para fazê-los lutar como "na vida real" dois milênios atrás. Os atores correm pelo deserto como marines, cantando canções de marcha.
Stone fez o ator principal, Colin Farrell, ser ensinado por especialistas em artes marciais, equitação e tática e estratégia militares. O principal consultor militar é um velho capitão aposentado dos marines, Dale Dye, que tenta fazer do ator um "marechal de campo".
É curioso, no mínimo. É como se Farrell fosse fazer tudo aquilo de verdade: conquistar o Império Persa, incluindo lutar no Afeganistão e na fronteira da Índia.
O documentário se concentra nos aspectos mais físicos do filme. É pena, pois o consultor histórico de Stone, o historiador Robin Lane Fox, é um personagem e tanto. Que fez questão de participar do filme como cavalariano, segundo o jornal "The New York Times".
O treinamento de Farrell para encarnar o mais importante general ocidental da história -mesmo Napoleão, o número dois da lista, o reconhecia como tal- é apenas parte da coisa. Mais interessante é ver como seu magnífico Exército foi recriado. O documentário dá boas pistas. Alexandre tinha uma arma formidável nas mãos, reunindo a falange de infantaria pesada e uma cavalaria ágil e impactante. Isso ajuda a explicar a proeminência do Ocidente ainda hoje. E talvez devesse ajudar a entender os limites dessa influência. Poder militar nem sempre se traduz em poder político.


SOU ALEXANDRE. Quando: dias 2, às 21h, e 3, à 1h, no Discovery Channel.


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