São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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Guillemots prepara 2º disco

Banda do MC brasileiro Lord Magrão foi louvada pela imprensa inglesa e excursionou por EUA e Europa

Grupo gravou "Trains to Brazil" em homenagem a Jean Charles de Menezes, eletricista assassinado em Londres em julho de 2005


Stephen Hird - 05.set.05/Reuters
A banda Guillemots, na entrega do Mercury Prize; da esq. para a dir., Magrão, Aristazabal Hawkes, Greig Stewart e Fyfe Dangerfield

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Há exato um ano, a banda inglesa Guillemots -que começa a preparar o segundo CD- estava onde o Cansei de Ser Sexy está hoje: no topo do hype da mídia britânica, comentada por todos os cantos como a novidade desconhecida que iria ser quente no futuro.
A comparação não é ocasional, apesar da sonoridade distinta: como o CSS, o Guillemots também remete ao Brasil, na figura do guitarrista paulista MC Lord Magrão e em músicas como "São Paulo" e "Trains to Brazil". A última, a propósito, teve seu título dado em homenagem a Jean Charles de Menezes, o eletricista assassinado em Londres em julho de 2005.
A Folha conversou com Magrão para saber como foi o caminho do underground à consolidação, depois do disco de estréia da banda, "Through the Windowpane", ter sido bem recebido pela crítica e indicado ao Mercury Prize. "Esse último ano foi um loucura. É até difícil dizer o quanto evoluímos porque não tivemos tempo para pensar", afirma Magrão.
"Fizemos duas turnês nos EUA, quatro no Reino Unido, rodamos a Europa, tocamos em todos os festivais de verão", enumera. Magrão forma o Guillemots -nome de pássaro que vive perto do mar- com o britânico Fyfe Dangerfield (vocal), a canadense Aristazabal Hawkes (contrabaixo) e o escocês Greig Stewart (bateria). O som da banda é difícil de definir, misturando melodias pop com elementos jazzísticos -a comparação mais comum é com o Arcade Fire.

Problemas no Brasil
O som do Guillemots deveria ter chegado ao Brasil no meio do ano passado, lançado pelo selo independente Slag Records, mas algum conflito de gravadoras, que Magrão mal consegue resumir, empacou o processo. "Estamos tendo problema com burocracia, não sei direito o que está acontecendo. Acho que o disco está pronto, mas a gravadora internacional não liberou os direitos de duas músicas que eu fiz antes de entrar na banda e que iam sair no EP também", explica Magrão.
Talvez o país tenha mais sorte com o segundo disco, já que a banda vai gravar o sucessor de "Through the Windowpane" daqui a dois meses, depois de encerrar uma breve turnê britânica em fevereiro.
"Já temos algumas músicas, vamos pegar algumas gravações de improviso, temos centenas", diz o guitarrista, que afirma que a banda pretende fazer um disco "completamente diferente do primeiro".
"Não sei se "mais pop" é a descrição certa, mas queremos algo um tanto mais simples, mais com o som do que é a banda ao vivo, em vez de uma produção com orquestras."
Sobre o hype do CSS, Magrão comenta que assistiu a um show da banda em Londres e deixa sua experiência sobre como sobreviver ao excesso de expectativa gerado pela imprensa. "O oba-oba é uma coisa da mídia, que os caras criam e apagam quando querem. Você sobrevive se estiver fazendo a coisa pela razão certa, e desaparece se for só pelo hype."


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