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Crítica/artes plásticas/"Ars Brevis"
Paulo Bruscky volta ao merecido lugar na cena da arte brasileira
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando foi um dos poucos artistas a ter uma
sala especial, na 26ª
Bienal de São Paulo, em 2004,
Paulo Bruscky esteve numa situação paradoxal. Ao mesmo
tempo em que recebia uma homenagem, o artista, que teve
seu ateliê reconstruído na mostra, não pôde expor de forma
adequada sua obra.
A espetacularização de seu
ateliê, que também cerceou sua
obra, está mais que compensada com a publicação de "Paulo
Bruscky: arte, arquivo e utopia"
(Companhia Editora de Pernambuco, 2007) e com a retrospectiva "Ars Brevis", no
Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, organizados por Cristina Freire.
Há anos, Freire vem se dedicando ao acervo de arte conceitual do MAC. Não por acaso,
das 150 obras da exposição, cerca de 50 pertencem ao museu,
enquanto as demais são do próprio artista, o que, inexplicavelmente, representa sua ausência
do mercado nacional.
Bem humorada e irônica, a
obra de Bruscky possui duas
vertentes muito explícitas: a
presença do artista em caráter
performático e sua experimentação em diversos suportes e
mídias, ambas bem exploradas
na retrospectiva.
Exemplo da primeira vertente é a foto "Artistas limpos e desinfetados" (1984), em que ele e
o artista Daniel Santiago, parceiro em várias obras, aparecem com uma faixa onde se lê
"limpo e desinfetado".
Influenciado pelo grupo Fluxus, Bruscky também é partidário da associação arte e vida.
Em "Eu comigo", por exemplo,
série de fotos de 1977, o próprio
artista também cria seu duplo
de forma irônica.
Como pesquisador experimental, um dos destaques da
mostra são as obras do módulo
"Hospital-Estúdio", onde se vê
como o artista utilizou seu próprio ambiente de trabalho para
criar a partir de carimbos, além
da manipulação de eletroencefalógrafos.
Alijado do eixo Rio-São Paulo, Bruscky, que vive em Recife,
foi referência apenas para especialistas. Com o livro e a exposição, o artista começa o ocupar um lugar mais do que merecido no cenário nacional.
(FABIO CYPRIANO)
ARS BREVIS
Quando: ter. a sex., das 10h às 18h;
sáb. e dom., das 10h às 16h; até 28/4
Onde: Museu de Arte Contemporânea
da USP (r. da Reitoria, 160, tel. 0/xx/
11/3091-3039)
Quanto: entrada franca
Avaliação: ótimo
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