São Paulo, quarta-feira, 02 de janeiro de 2008

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Crítica/artes plásticas/"Ars Brevis"

Paulo Bruscky volta ao merecido lugar na cena da arte brasileira

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando foi um dos poucos artistas a ter uma sala especial, na 26ª Bienal de São Paulo, em 2004, Paulo Bruscky esteve numa situação paradoxal. Ao mesmo tempo em que recebia uma homenagem, o artista, que teve seu ateliê reconstruído na mostra, não pôde expor de forma adequada sua obra.
A espetacularização de seu ateliê, que também cerceou sua obra, está mais que compensada com a publicação de "Paulo Bruscky: arte, arquivo e utopia" (Companhia Editora de Pernambuco, 2007) e com a retrospectiva "Ars Brevis", no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, organizados por Cristina Freire.
Há anos, Freire vem se dedicando ao acervo de arte conceitual do MAC. Não por acaso, das 150 obras da exposição, cerca de 50 pertencem ao museu, enquanto as demais são do próprio artista, o que, inexplicavelmente, representa sua ausência do mercado nacional.
Bem humorada e irônica, a obra de Bruscky possui duas vertentes muito explícitas: a presença do artista em caráter performático e sua experimentação em diversos suportes e mídias, ambas bem exploradas na retrospectiva.
Exemplo da primeira vertente é a foto "Artistas limpos e desinfetados" (1984), em que ele e o artista Daniel Santiago, parceiro em várias obras, aparecem com uma faixa onde se lê "limpo e desinfetado". Influenciado pelo grupo Fluxus, Bruscky também é partidário da associação arte e vida. Em "Eu comigo", por exemplo, série de fotos de 1977, o próprio artista também cria seu duplo de forma irônica.
Como pesquisador experimental, um dos destaques da mostra são as obras do módulo "Hospital-Estúdio", onde se vê como o artista utilizou seu próprio ambiente de trabalho para criar a partir de carimbos, além da manipulação de eletroencefalógrafos.
Alijado do eixo Rio-São Paulo, Bruscky, que vive em Recife, foi referência apenas para especialistas. Com o livro e a exposição, o artista começa o ocupar um lugar mais do que merecido no cenário nacional. (FABIO CYPRIANO)


ARS BREVIS
Quando:
ter. a sex., das 10h às 18h; sáb. e dom., das 10h às 16h; até 28/4
Onde: Museu de Arte Contemporânea da USP (r. da Reitoria, 160, tel. 0/xx/ 11/3091-3039)
Quanto: entrada franca
Avaliação: ótimo


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