São Paulo, sábado, 02 de janeiro de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

"Cloverfield" atesta nossa necessidade de filmar tudo

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É mais que sabida, há alguns anos, a necessidade de o cinema emular estéticas mais "realistas" para assim imantar o espectador ao filme. Daí a reprodução do visual das imagens de handycam -vista, por exemplo, em filmes como "Rec" e "Atividade Paranormal" (em cartaz no país)- ser de uma recorrência oceânica.
Há um dado mais recente: o da nossa necessidade insana de tudo filmar, incentivada pela disseminação dessas câmeras digitais. Isso está no interessantíssimo "Cloverfield -Monstro" (TC Action, 23h40, 14 anos). Estamos num filme aparentado de "Godzilla". Desde o início, as imagens são as captadas por uma mini-DV, a mesma que irá para as mãos de Hud, um dos amigos que celebram a viagem de um outro.
Ele filmará tudo, inclusive os ataques de um monstro gigantesco que, literalmente, põe Nova York abaixo.
À parte Hud ser uma justificativa dentro da história para o uso permanente da minicâmera, é bem mais notável que, mesmo em fuga alucinada pelas ruas destruídas da cidade, ele mantenha o punho em riste para registrar de mortes de colegas a conversas íntimas de casal de amigos. É como se toda aquela barbárie só existisse se transformada em imagem.
"Cloverfield" fala, na verdade, do nosso mundo, em que as coisas parecem ter corpo apenas quando há uma imagem filmada delas.


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